A conferência de Berlim ditou a dinâmica do que seriam os próximos anos de Portugal enquanto país colonizador na cena internacional. Portugal pintou de cor-de-rosa os territórios de Angola e Moçambique que ficavam sob a sua administração mas a ambição inglesa de ligar o Cairo à Africa do Sul falou mais alto e calou Portugal. Na transição da Monarquia para a República a cobiça internacional não se alterou. O ataque alemão a Maziúa permitiu perceber que Portugal teria de trabalhar arduamente para manter as suas colónias. Foi a defesa das colónias que fez Portugal entrar na I Grande Guerra. Mas nem após as vagas de descolonização que se seguiram à II Guerra Mundial, Portugal arrepiou caminho nas suas pretensões. Isolado na cena internacional e condenado pela ONU, Salazar manteve a defesa intransigente das "províncias". Mas a contagem para o fim já se antevia.
A 4 de fevereiro de 1961 começa a guerra em Angola. Segue-se Goa, Damão e Diu, a 18 de dezembro de 1961. Dois anos depois começa a guerra na Guiné e em 1964 em Moçambique. Portugal entra numa guerra pela defesa das colónias que só iria terminar em 1975. Mesmo depois do início da guerra e da perda da Índia, Salazar mantem-se intransigente. E, como vamos ver e ouvir, nem mesmo com a queda de Salazar o discurso muda. Onde anos depois as palavras de Marcelo Caetano, em março de 1974, fazem lembrar Salazar.
A descolonização é uma realidade e os 500 dias do fim do Império começam a contar-se a 8 de junho de 1974. Reunidos em plenário na Manutenção Militar, os oficiais decidem o cessar-fogo imediato no Ultramar. No dia 27 de julho, o general António Spínola dirigindo-se ao povo português de aquém e de além-mar reconhecia o direito das colónias à autodeterminação e independência.
Neste capítulo a nossa história é contada de forma cronológica. Aqui não tem vídeos nem galerias de fotos, nem sons. Apenas os factos que marcaram esta sequência da história da colonização e da descolonização, desde a Conferência de Berlim até às independências. Uma forma simples de ficar a conhecer a história e de pesquisar aquilo que mais lhe interessa descobrir.
Nenhuma independência foi igual à outra. Neste capítulo os factos, as pessoas e os acontecimentos que marcaram o fim do Império e a libertação dos povos em cada uma das antigas colonias. O Império chegava ao fim e com ele o regresso à metrópole de 600 mil portugueses, vítimas de um processo de descolonização descoordenado. Pessoas que tinham nas colónias o seu mundo e que na travessia do oceano perderam parte das suas vidas. Os 500 dias da descolonização acabam aqui mas a história continua.