Estreia: Quarta, 24 de Abril às 23:10, na RTP2

A homenagem póstuma à vida e obra de José Álvaro Morais num filme de José Nascimento

 

Homenagem póstuma à vida e obra de José Álvaro Morais (1943-2004) e ao “rasto luminoso” de inovação e procura exaustiva do cinema como forma de arte que deixou no cinema português. O documentário de José Nascimento reúne excertos da filmografia de José Álvaro Morais e testemunhos de quem mais estreitamente com ele se relacionou e percorreu, na amizade e no trabalho, essa aventura.

Os filmes de José Álvaro Morais foram “manobras de risco”, não existindo na carreira do realizador, nenhum projeto que não tenha sido inovador, autónomo e de procura exaustiva do cinema como forma de arte. Desde a sua primeira obra “Ma Femme Chamada Bicho”, a sua atitude perante o cinema foi sempre perfecionista e de profunda intransigência. Dentro da diversidade da sua obra (6 filmes, além dos filmes de escola), os temas percorrem regra geral espaços contíguos e transbordam de filme para filme: a família, os relacionamentos e uma geografia da identidade, dividida entre a infância na Covilhã, a adolescência em Lisboa, o exílio em Bruxelas e o regresso ao sul esse “mar infinito”, nas palavras.

 

 

A génese dos processos do tempo da gestação de cada filme, das cumplicidades e envolvimentos, foi sistematicamente elaborada, desenvolvida e levada ao limite de se virar contra si próprio, contra a sua existência. A epopeia do “Bobo”, que colocou em risco a sua carreira, foi um momento de rutura do cinema português, instituiu um modus operandis particular em que cada filme se abria como uma aventura, um novo percurso em paralelo com a vida privada, integrando na sua feitura, afinidades, amizades, amores e desamores.

O realizador José Nascimento foi o montador do filme “O Bobo”, o primeiro filme de ficção do realizador José Álvaro de Morais, premiado com o Leopardo de Ouro no Festival de Locarno em 1987. O filme, que demorou quase 10 anos a produzir, por falta de financiamento e devido ao incansável perfecionismo do realizador, explora ao máximo todas os elementos da linguagem do cinema, seja o cenário, os diálogos, o guarda-roupa, o conflito, etc., tornando-o numa aproximação real da arte total, que não se define apenas como filme, mas como algo muito superior a isso mesmo. Desaparecido prematuramente, confessou uma vez que, caso algum dia existisse um filme sobre ele, gostaria que fosse José Nascimento a realizá-lo. Este é o resultado do cumprir de uma promessa de longa data.

 

 

Ficha Técnica

Título Original

Silêncios do Olhar

Autoria, Edição e Realização

José Nascimento

Atores

Marcello Urgeghe e Ricardo Aibéo

Produção

António Câmara Manuel | Duplacena

Ano

2016

Duração

50'

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