Seis jovens atores vão utilizar as técnicas do teatro do oprimido e a sua história de vida, para falar de temas que lhes são caros. Cada episódio conta com duas linhas narrativas: o quotidiano de cada um dos atores e a dramatização de cada tema.

 

O ator é a pessoa, o indivíduo, o agente social da sua própria vida. A personagem é o conjunto entre o ator, as  suas experiências e a imaginação. A experiência de vida do ator não é indissociável das ações da personagem que é criada.

Este dualismo entre ator e personagem é conseguido com a mudança de vestuário e com a alternância entre cidade, espaço do ator, e a dramatização, espaço da personagem, criando assim dois layers de realidade.

 

 

Durante os cortes os atores discutem sobre qual será a melhor forma de resolver o conflito, se através de novas personagens ou substituição das existentes no ato inicial.

Com este adicionar de agentes ou com a adoção dos agentes já desenvolvidos na cena, procuramos apresentar novas perspetivas problematizando as dicotomias entre o “eu” e o “outro”, invertendo-as, quebrando as ténues fronteiras que existem entre os atores sociais num cenário onde tudo é improvisado.

Quantos “eus” e quantos “outros” podemos nós incorporar?

 

1. Alex

 

– Esperar. Atrasar. Adiar. Aposto que conheces bem estes verbos. Tudo menos adiantar. Há quem chame o Alex de procrastinador, outros não, mas o que é certo é que não tem qualquer noção de tempo. Os seus amigos tentam arranjar uma solução para a sua inércia. Como resolverias este problema?

 

2. Vicente

 

Alguma vez sentiste que não pertencias a lado nenhum? Ou a vários sítios ao mesmo tempo? Por vezes, Vicente sente-se como um “espião”: demasiado branco na comunidade cigana, demasiado cigano na comunidade branca. Por isso, vai ser julgado no tribunal das identidades. Qual seria o teu veredicto?

 

3. Inês

 

A Inês aprendeu cedo a desenvencilhar-se sozinha. Nasceu em Portugal, filha de pais chineses e viveu numa casa de acolhimento até aos 18 anos. Hoje, depois de passar por várias moradas, partilha casa com uma amiga. Um amigo da sua colega de casa, que não tem mais nenhum sítio para onde ir, está há mais de mês a dormir no sofá delas. No entanto, o dinheiro não dá para sustentar todos e custa a ganhar. Como resolverias o problema?

 

4. André

 

Já te perguntaste como seria a tua vida se tivesses optado por outro caminho? André é confrontado com “decisões de vida seguras” e terá de fazer uma escolha. Como resolverias esse conflito contigo mesmo?

 

5. Andreia

 

Num cenário de café, perante a notícia de mais um femicídio, todos se envolvem. Andreia é acusada de ser “ativista de bancada”, surgem diferentes perspetivas e a tensão aumenta. Como resolverias o conflito?

 

6. Rodrigo

 

Quantos eus e quantos outros podemos incorporar? Neste episódio, Rodrigo vai representar a sua pior personagem. Num cenário de programa da televisão, com um convidado especial, discutem-se cuecas. E tu, quem és?

 

O projeto em exposição parte de uma perspetiva intervencionista sobre problemáticas atuais, ancorando-se na antropologia, procurando correlacionar a sua visão e corpo teórico com a participação dramática de atores provenientes de diferentes áreas.

A ligação da antropologia intervencionista com o audiovisual e performance, surge aqui através do Teatro do Oprimido, onde se parte de uma situação de conflito com vista à sua resolução. Em termos práticos, dá-se uma discussão de uma problemática que se veste e despe na pele do “eu” e do “outro”, isto é, ao discutir a situação, vão sendo introduzidos cortes por um joker à medida que vão surgindo novas perspetivas, problemas ou novas formas de intervir.

 

Ficha Técnica

Título Original

De Tanto Fingir Encontrei-me

Autoria

Diogo Mendes, Filipe Ferraz, Inês Tecedeiro, Joana Farinha e Tânia Rodrigues

Produção

Wamãe - Antropologia Pública

Ano

2023

Duração

20' | 6 episódios