Lúcia Barbosa, 31 anos, de Baião e o noivo Luís Sousa, de 29 anos, de Matosinhos, têm casamento marcado para o dia 1 de outubro deste ano. Ela é educadora de infância em Baião e ele é Engenheiro Industrial em Aveiro. Não vivem juntos e confessam que queriam muito ganhar o passatempo.

 

A história de Lúcia e Luís:

 

“Numa tarde de Outono, ainda o sol brilhava no céu, combinei com uma amiga ir dar uma caminhada, para ver se os Kgs a mais saíam. Nesse dia mal saberia a partida que o destino me iria proporcionar. Saímos para caminhar, parecíamos enérgicas e fizemos um percurso de cerca de 4 kms, a fim de colocarmos a conversa em dia. Ao chegar à ponte de Mosteirô, estava lá um rapaz a fotografar o rio Douro. Parecia estar saudoso e enternecido com aquela paisagem. Passámos normalmente pela ponte, chegando ao fim da ponte fizemos o percurso contrário. Naquele momento, houve um olhar trocado. Os nossos olhos pareciam sorrir. Aquele momento passou, mas na minha mente aquele olhar sorrido ficou. Fiquei a saber mais tarde, que a infância dele tinha sido passada ali perto em Cinfães, por isso estava nostálgico daquela paisagem e como teve férias foi visitar o local que outrora lhe trouxera boas recordações, embora naquele momento o sentimento, por razões pessoais, já não era tão bom.

Num dia de inverno, bem chuvoso e frio, vinha no comboio, no sentido porto Mosteirô, e por, mais uma vez, joguinhos do destino, sentei-me na carruagem daquele rapaz. Fazendo-se um pouco desconhecido dos horários e das estações, após uns longos minutos de troca de olhares, levantou-se e pediu-me licença para sentar-se ao meu lado. Embaraçada e tímida, aceitei.

Conversa puxa conversa, no final ele fez a pergunta chata: “Podes dar-me o teu número? Sempre podemos conhecer-nos melhor”. A chuva era tanta, eu tinha tanto frio, estava molhada e sem pensar dei-lhe o meu número, só para o despachar. Algo que nunca tinha feito a um desconhecido, mas quando os “deuses” manipulam o sentido das coisas acabamos por fazer aquilo que não tencionamos. Nome? – Disse ele. “Joana”, respondi. Ups, o meu nome não é Joana, mas foi o que me saiu da boca naquele preciso momento.

Fartei-me de ter uma identidade falsa e deixei de falar com ele. Não me apetecia, queria parar por ali. Ele fez algumas viagens até Mosteirô em vão, eu pensava nele, mas queria negar. Um dia recebi uma mensagem no meu facebook: “Olá Joana!” E agora? O meu perfil não tinha esse nome, o meu nome verdadeiro é Lúcia. Tinha-me descoberto. Ele andou à minha procura e eu tinha a minha pegada virtual, encontrou-me novamente.

Respondi-lhe que teria mentido por razões de privacidade, afinal éramos desconhecidos.

E dois meses se passaram sem falarmos… Até que num dia, após sair do meu emprego, encontro uma flor na porta do meu carro, com um bilhete a dizer “Podemos falar um bocadinho?” Os encontros começaram a surgir, cada vez mais amigos. Ambos nos víamos como amigos, mas havia factos que nos mostravam o quanto nos completávamos. Na brincadeira, comentou que iria construir um puzzle com as nossas características e quando o puzzle terminasse algo iria acontecer.

Alguns meses passados, a brincadeira tornou-se real e eis que o puzzle se montou mais rápido do que pensávamos. Sabíamos o que isso significava mas estaríamos prontos para isso? Ele lança no ar uma proposta! Queres jantar comigo? Pensava que eu iria responder que não como tantas outras, já estava habituado. Mas desta vez inexplicavelmente, disse que sim e à primeira, espontaneamente.

31 de Maio, a data escolhida para esse tal jantar, marcado praticamente nas vésperas, um dia que viria a ser um marco muito importante nas nossas vidas. Nunca nos esqueceremos, com toda a certeza.

Tudo perfeito! Melhor seria impossível, com a fantástica vista sobre o rio Douro, a varanda era estreita mas acolhedora, a poucos metros da margem do rio…

“Lu, o meu coração é teu! Aceitas namorar comigo? (tipo para sempre)”. Este “tipo para sempre” ainda hoje nos segue em quase tudo. É o nosso lema, que levamos muito a sério.

Parei de rir, e ele ficou mais nervoso ainda, disse SIM, apesar de tímida, aceitei o seu pedido. Será que era bem isso que eu queria? Hoje tenho a certeza absoluta mas naquele dia, embora não dissesse aluada, não foi com a certeza absoluta.

Após a entrega de uma rosa, um tímido beijo surgiu. Do outro lado da margem os foguetes invadiram o céu.

Já com quase dois anos de puro amor, chega Fevereiro de 2015 e ele planeava que tínhamos que ver um filme… Chegamos lá e vejo o cinema aberto. Dirigimo-nos à bilheteira, o rececionista explicou que ainda não começou o filme porque estão a espera que cheguem mais pessoas com vouchers. Entro na sala de cinema e está vazia. Bem, onde estão as pessoas? Vamos ver um filme só nós? Ele tira a câmara e põe-na virada para a tela. Vais filmar? Sim para dar uns trocos no Youtube. Fiquei perplexa! Ele nunca faz essas coisas e contrariada continuamos em frente à tela. E passa um trailer e passa outro e mais outro. Comecei a ficar saturada! Chega então um trailer especial, parece que ainda ouço aquelas palavras em inglês de um narrador e a música na minha memória. E eis que salto da cadeira porque me vi na tela. Eu própria na tela?! Éramos nós, sim éramos nós! No final com o fecho de “Tipo para sempre”. Ele retirou uma caixinha com o anel do bolso e fez o tão famoso e esperado pedido. Escusado será dizer que aceitei, com toda a certeza absoluta. Tudo montado entre ele e o cinema e as nossas mães claro, sem saber de nada uma vez mais. Este foi outro momento romântico e emotivo que me proporcionou, que ficará sempre nas nossas memórias”.