Remendos e Côdeas
Letra e interpretação: José Mário Branco
Sempre que se rompe o casaco do povo
Aparecem uns doutores que descobrem
Que assim não pode ser
Há que achar remédio
Seja lá como for
Vão então negociar com os senhores
Enquanto cá fora os trabalhadores
Ao frio esperam que eles voltem triunfantes com
Um belo remendo
Remendo sim pois bem mas onde é que ficou
O casaco todo?
Sempre que gritamos “basta temos fome!”
Aparecem uns doutores que descobrem
Que assim não pode ser
Há que achar remédio
Seja lá como for
Vão então negociar com os senhores
Enquanto cá fora os trabalhadores
Cheios de fome até que voltem triunfantes com
Uma bela côdea
Côdea sim pois bem mas onde é que ficou
A carcaça toda?
Nós não precisamos só desses remendos
Precisamos do casaco por inteiro
Nós não queremos ficar só com essa côdea
Precisamos de comer o pão inteiro
Não nos basta que o patrão nos dê trabalho
Precisamos de mandar nas oficinas
Nos campos e nas minas
No poder de Estado
Disso é que precisamos
Mas o que é que essa gente tem para oferecer?
Remendos e Côdeas!