Segunda parte da trilogia do encenador italiano Romeo Castellucci, livremente inspirada em “A Divina Comédia” de Dante Alighieri
Embora “A Divina Comédia” tenha feito parte da vida de Romeu Castellucci desde a adolescência, o encenador italiano não oferece uma “adaptação” literal. O trabalho é inspirado no texto de Dante mas mais do que qualquer outra coisa Castellucci pretende “tornar-se” Dante: “No sentido de ser Dante, comportar-se como ele, como no início de uma viagem ao desconhecido”.
Apresentado como três eventos separados – Inferno, Purgatório e Paraíso – Romeo Castellucci desmontou, expôs e transformou o texto épico de Dante numa experiência verdadeiramente vivida. Usando um estilo profundamente visual, Castellucci cria um mundo profundamente perturbador, que se torna um pesadelo assustadoramente bonito, envolvendo todos os sentidos numa experiência inesquecível. Trata-se de um teatro muito visceral, cheio de experiências provocadoras, não aconselhado a cardíacos.
Retratando imagens da vida familiar, Purgatório está desconfortavelmente situado num espaço doméstico conturbado, onde o uso da imaginação vívida protege contra uma realidade atormentadora. O trabalho de Romeu Castellucci e da companhia de teatro italiana Socìetas Raffaello Sanzio é considerado altamente influente na performance contemporânea. Tendo criado um novo teatro não narrativo, uma linguagem visual que desafia diretamente as formas tradicionais, Castellucci questiona toda a nossa condição humana, com encenações visionárias, intransigentes e sempre surpreendentes.
“A Divina Comédia” é um poema sagrado do poeta Dante Alighieri. Escrito entre 1307 e 1319, é composto por três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Na cultura ocidental, “A Divina Comédia” é mais do que um monumento literário, é uma referência. Mesmo para aqueles que nunca o leram, o texto faz sentido e assemelha-se a um país mítico, onde alguém visita o inferno temendo a punição e o paraíso à espera de uma grande alegria.