Ao longo das 40 semanas de gestação, é neste pequeno espaço que se vivem alguns dos momentos mais marcantes e determinantes da gravidez, através de um ecrã “mágico”, que revolucionou a capacidade de diagnóstico fetal e contribuiu de forma ímpar para a melhoria dos indicadores de saúde materno-infantil.
A ecografia obstétrica permite, com recurso a ultrassons, visualizar o feto, a placenta, o líquido amniótico, o cordão umbilical e as estruturas pélvicas maternas. Para os pais, traduz-se na emoção de ouvirem, pela primeira vez, o coração do filho a bater, de vislumbrarem o seu perfil, de poderem contar os dedos das mãos e dos pés, de o verem a “sorrir”, a bocejar ou a chuchar no dedo. E, acima de tudo, de poderem acompanhar o seu crescimento e de saberem que “está tudo bem”. E se na maioria dos casos é isso que acontece, há outros em que se detetam, de facto, alterações e problemas, uns passíveis de correção ou tratamento, outros definitivos ou mesmo incompatíveis com a vida.
Numa gravidez dita “normal”, de baixo risco, realizam-se três ecografias, de acordo com as normas da Direção-Geral da Saúde. A primeira, entre as 11 e as 14 semanas, permite fazer “a avaliação de marcadores de cromossomopatias e avaliação da ecoanatomia fetal”; a segunda, entre as 20 e as 24 semanas, a “avaliação mais detalhadas da anatomia fetal, o rastreio de parto pré-termo e pré-eclampsia”; e a terceira, entre as 30 e as 32 semanas, a “avaliação do crescimento e bem-estar fetal”
A ecografia obstétrica já se faz há mais de quatro décadas e “até hoje” não se encontraram efeitos negativos, nem para a mãe nem para o feto.
Há vários estudos que demonstram que a ecografia é 100 por cento segura durante a gravidez. Para garantir esta segurança, já existem no ecrã os índices térmicos e mecânicos usados em cada momento, que permitem verificar que estamos a trabalhar em segurança.
Quem disponha de ecógrafo e domine a técnica, por regra não fica satisfeito com o ouvir do coração do feto através da parede abdominal materna. Prefere olhar ‘lá para dentro’ e apreciar o crescimento, a dinâmica fetal e a quantidade de líquido. Só que estas ecografias intercalares são exames muito mais abreviados, não demoram a meia hora habitual destinada ao exame morfológico, por exemplo, e portanto não há problema.
Em Portugal, as ecografias são feitas apenas por médicos. Em países como a Alemanha ou o Reino Unido podem ser feitas por parteiros com diferenciação ecográfica que, em caso de anomalia, referenciam para centros de medicina fetal.
Nós não temos esta tradição. Em Portugal, por regra, são apenas obstetras, e raramente radiologistas, que as realizam.
Em Portugal, a gravidez não vigiada é rara e, por isso, pode dizer-se que a grande maioria das grávidas faz as ecografias “obrigatórias”. Os médicos dos centros de saúde cumprem bem este calendário.