Sara Tavares passou pela história do Festival da Canção com “Chamar a Música”, em 1994. Na edição deste ano, todavia, foi convidada como compositora e juntou-se a Kalaf Epalanga para fazerem “Lisboa, Lisboa”, o primeiro tema a ser interpretada no dia 3 de março, por Rita Seidi.

Para mim ser compositora é um papel muito mais divertido e mais confortável. A pessoa tem a oportunidade de criar, que é uma coisa maravilhosa. Fiquei surpresa com o convite para o festival da canção e recebi-o com muito prazer, por haver esse reconhecimento do meu trabalho enquanto compositora“, explicou Sara.

Na génese da música que escreveu e musicou, a cantora confessou que há uma linguagem de rua que apela à multiculturalidade de uma cidade capital como a nossa.

Eu levo tempo a compor. Mas como eu estou numa fase de composição para o meu disco tinha muitas ideias inacabadas e pensei logo no “Lisboa, Lisboa” e no Kalaf para me ajudar a terminar a letra. Porque o Kalaf é o escritor por excelência que fala de Lisboa e dos lisboetas e fala com uma visão multicultural porque ele é angolano e fala muito dos estrangeiros que vivem em Lisboa que também são muito lisboetas e que amam esta cidade. E a canção fala disso, de uma Lisboa de todo o mundo“, disse, levantando a ponta do véu sobre o que contará este tema.

Rita Seidi tem raízes muito próximas das de Sara Tavares, mas é de uma geração que mistura estilos e influências. Foi a sua participação no The Voice Portugal que lhe deu a oportunidade de privar e ser escolhida como intérprete para este “Lisboa, Lisboa”.

Eu e a Sara temos uma história muito parecida. Participámos as duas com a mesma idade no mesmo tipo de programa, estou a ir com a mesma idade ao festival da canção e é estranho isto estar a acontecer mas muito engraçado. E sinto que a música que eu vou cantar é algo com que eu me identifico e com que ela também se identifica“, disse-nos Rita.

Na altura em que concorreu os sonhos de Sara Tavares “não passavam pela ribalta portuguesa” mas sempre se basearam no prazer da música. Rita Seidi garante que esse é o principal objetivo do tema:
O Lisboa, Lisboa é para motivar as pessoas, dar o feeling positivo, para as pessoas curtirem. É uma coisa alegre para chamar o sentimento. Eu quero que as pessoas curtam ao som da música que eu vou cantar. É só isso“.

Para Sara, é essa cultura animada, da rua, que faz de “Lisboa, Lisboa” um tema diferente.

Já é um prazer cantar em português e já há aquele à-vontade de dobrar o português à nossa maneira. A cultura da rua está a ser muito mais celebrada do que antigamente. Essa integração de uma arte de rua que havia já na minha geração e que havia antes está a ser cada vez mais integrada na vida pública e nos media e eu acho isso lindo. E esta música fala dessa Lisboa apropriada por todos. A minha linguagem é uma linguagem de rua, sinceramente; associo muito mais a minha linguagem a quem faz hip hop do que quem faz canções de forma clássica“, remata.