Retrato único do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos, uma das figuras mais criativas da arte musical do século XX
A maioria dos amantes de música já ouviu uma versão das Bachianas Brasileiras Nº5, mas quem conhece o compositor da obra original? A história da vida do maestro Villa-Lobos parece o guião de um filme de aventura. Nascido a 5 de março de 1887, no Rio de Janeiro, era filho de Raul Villa-Lobos, funcionário da Biblioteca Nacional e violoncelista amador. Aos 6 anos, Heitor começou a aprender violoncelo com o pai e começou a conhecer o som do cravo de Bach, tocado por uma tia, distinguindo as harmonias do solfejo e aprendendo o básico da teoria musical.
Habituou-se também a ouvir, nas ruas do Rio, os grupos de músicos amadores – os Chorões – que animavam as noites de festa e do Carnaval. Nessa fase, era natural que se sentisse influenciado, em simultâneo, por Bach e pelas serenatas dos Chorões. O pai morreu em 1899 quando Heitor tinha 12 anos e a vontade de aprender viola, cavaquinho e corneta manifestou-se no jovem músico. Na ausência do pai, Heitor procurou o saber na biblioteca, livro a livro, aprendendo a tocar viola por sua própria iniciativa. Aos 18 anos juntou-se aos Chorões, tornando-se músico ambulante.
Em 1907 regressou ao Rio de Janeiro e inscreveu-se no Instituto Nacional. Teve aulas de Harmonia com Frederico Nascimento, recorrendo aos métodos didáticos de Schoenberg. Mas o jovem Heitor estava mais empenhado em conhecer as raízes da música tradicional brasileira. Parte para os estados do interior do Norte e do Nordeste, facto que havia de influenciar decisivamente a sua obra. Viajou por todo o Brasil para recolher música indígena e escreveu Os Cantos Sertanejos. Fez amizade com o pianista polaco Arthur Rubinstein, que conta a história do seu primeiro encontro antes de interpretar a Prole do Bêbê, uma suite de peças para piano.
Em 1923, viajou para Paris e contou com auxílio de músicos locais para se apresentar pela França. As suas apresentações fizeram tremendo sucesso. Em 1930, de volta ao Brasil, inseriu seu plano de Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Faleceu a 17 de Novembro de 1959, com 72 anos, mas a obra sinfónica de Villa-Lobos, nomeadamente o poema sinfónico Amazonas e muita da música de câmara (compôs mais de duas mil obras), demonstram a proximidade e ligação do compositor brasileiro aos sons e ritmos do seu país. A sua data de nascimento é celebrada, no Brasil, como o Dia Nacional da Música Clássica.
«Eu não uso o folclore. O folclore sou eu.» Heitor Villa-Lobos