Filme sobre o desejo de se aproximar de si mesmo através do abraço de um estranho. Um documentário de Irene Schüller que explora a tensão entre o artifício e o real, no mundo único do Tango.
O Tango torna-nos felizes ou solitários? A resposta não é evidente, o certo é que se torna viciante. Os solteiros encontram pessoas que podem abraçar. Os casais reacendem a paixão. O Tango é um espetáculo sobretudo quando os dançarinos, com um figurino requintado, são mestres na sua arte. O erotismo é encenado, mas a proximidade é real. A pose perfeita mascara o conflito interior. Como é que um dançarino lida com a frágil fronteira entre desempenhar um rígido papel de género e ser esse papel na realidade?
Neste filme da alemã Irene Schüller, cinco jovens mergulham no mundo sensual do Tango, longe da sua pátria Argentina, na Floresta Negra. Helena, Susanna, Christian, Joscha e Ruben são todos solteiros. Todos submetidos ao feitiço erótico desta dança apaixonada e melancólica. Todos procuram o par ideal e serem admirados e desejados pela sua beleza, elegância e perfeição. Todos são viciados na emoção do abraço de um estranho. Cinco jovens que estão solitariamente juntos de um modo altamente tocante e estético.
«Era uma vez uma dança que percorreu uma longa jornada. Os habitantes de uma terra distante ficaram muito felizes com a sua chegada, porque nunca tinham visto tal coisa na sua terra. Era como se aguardassem há muito tempo e, apesar de não entenderem bem a sua língua, fizeram dela parte nuclear das suas vidas. Isto passou-se em vários pontos do mundo, mas a nossa pequena história aconteceu perto das montanhas, onde cinco indivíduos se encontraram e lhe reservaram um lugar especial nos seus corações.»
Os protagonistas representam vários aspetos deste conflito. Ruben está feliz com os papéis distintos enquanto Susanna gostaria de uma maior igualdade de género. Christian desfruta dos contactos efémeros com as mulheres mas Helena anseia por encontros reais. Joscha, por outro lado, não se preocupa com as relações humanas na pista de dança, quer fazer do tango a sua profissão e ganhar dinheiro.
O que leva pessoas de diferentes regiões e culturas a apaixonarem-se por esta distinta forma de arte e ambiente social do Tango argentino? Uma Milonga leva-nos num drama romântico desde o desejo inicial à melancólica tristeza da despedida. Será que vale a pena a dor de um grande dançarino que regressa a casa sozinho depois de a música ficar em silêncio?