Márcia Breia está de visita a Bem-Vindos a Beirais e foi convidada de Sílvia Alberto no SóVisto!.
A atriz falou sobre a idade, a profissão e a vida pessoal no cenário do Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Lisboa.
O meu pai ensinou-me a respeitar as outras pessoas. A não ser sectária, a não ser racista, a cumprimentar a pessoa mais esfarrapada e humilde da mesma maneira que cumprimentaria outra pessoa qualquer. Ensinou-me a distinguir a hipocrisia social da verdade social, a hipocrisia política da verdade política, contou Márcia Breia.
A atriz contou que o pai queria que tivesse seguido uma carreira médica e que acabou por ir para Química, “a bem da Química fui para o teatro! (…) Chumbei imensas vezes.”
O sentido artístico do pai, no entanto, nunca a impossibilitou de seguir a vida de atriz, “mas se ele não me tivesse deixado ir, eu teria ido na mesma”. Já a mãe era uma mulher “muito inocente, tinha umas atitudes muito cómicas”.
O amor pela cidade do Porto, que trocou por Lisboa ao fim de 30 anos, continua entranhado na pele de Márcia Breia.
Vim com a mala de cartão e com a criancinha [para Lisboa]. Vinha para uma cidade de que só tinha referências arquitetónicas e paisagísticas (…) Nós passámos muito, não tínhamos ordenados fixos… O problema ali foi a minha noção de uma razão coletiva de estar [na Cornucópia] , se estávamos ali era porque gostávamos…
Trabalhar em teatro continua a ser a vida da entrevistada, apesar do cansaço que sente de vez em quando.
Eu peço a toda a gente que gosta de mim que me avise quando o palco não tiver a função para mim que devia ter… Porque a decadência dos atores existe. Há falhas e começamos a não ter paciência para certas coisas e isso borra a pintura. Eu peço ter a lucidez suficiente para saber sair de cena, concluiu Márcia Breia.