Quarta, 23 de Maio às 23:10, na RTP2

Prestamos homenagem ao artista falecido esta terça-feira, aos 92 anos, com um documentário em forma de viagem, guiada pelo próprio

 

Este filme biográfico traça o retrato de um dos mais importantes pintores e escultores portugueses contemporâneos, através do seu testemunho e depoimentos de pessoas de vários quadrantes da sociedade, entre eles António Lobo Antunes, Siza Vieira, Mário Soares, Vasco Graça Moura, críticos de arte e galeristas, entre eles o fundador da Galeria 111 e galerista de Pomar em Portugal, Manuel Brito.

O percurso de Júlio Pomar (Lisboa, 1926 – 2018) é feito de rupturas e regressos. Abandona a Escola de Belas Artes devido a uma suspensão. Lidera o movimento neorrealista. É preso. Faz viagens, como a Amazónia, e descobre os seus grandes mestres. Instala-se em Paris em 1963. Desagrada-se com a pintura e destrói telas. Pratica cores lisas e contornos definidos mas também pintura livre e gestual. Faz colagens. Pinta erotismo. Decora espaços públicos. Ilustra grandes obras da literatura universal. Faz retratos polémicos. Gosta de rir e de viver. Apanha um susto e renasce para a vida. Pinta grandes formatos. Expõe em várias cidades do Mundo. É condecorado. Recebe prémios. Embarca nos mitos e odisseias. Marca o eterno retorno a D. Quixote. Faz esculturas,  assemblage, ilustração, cerâmica e vidro, tapeçaria, cenografia para teatro e decoração mural em azulejo.

Ao longo de mais de 60 anos, Júlio Pomar rompe, renova, renasce, recomeça. Sem medos. Sem amarras. Sem concessões. Rindo de si próprio e da seriedade humana. Enfrentando os desafios e as partidas da vida com a força de quem adora viver e detesta ser obrigado a fazer o que não quer. Com a determinação que é necessária para poder dizer com toda a liberdade: “faço o que me apetece”. É assim Júlio Pomar, o pintor que gosta de pisar o risco. O artista que nunca procurou o caminho fácil e que está sempre à frente da opinião, mesmo quando o caminho parecia já garantido. O pintor contracorrente com um pé no Mundo e outro na história da arte portuguesa. O homem que vai ao museu visitar a família. O bicho solitário que precisa de companhia. O pintor/ poeta que gosta de chegar a Paris como gosta de chegar a Lisboa, sem angústias, porque o tempo não chega para isso. A criança que um dia sonhou ter a liberdade de poder decidir.

 

 

Em 2013, abriu o Atelier-Museu Júlio Pomar, instalado num edifício na Misericórdia, em Lisboa, perto da residência do artista, com um acervo de cerca de 400 obras. Doadas pelo artista à Fundação Júlio Pomar, incluem pintura, escultura, desenho, gravura, cerâmica, colagens e assemblagens.

 

Ficha Técnica

Título Original

Júlio Pomar - O Risco

Autoria

Anabela Almeida

Realização

António José Almeida

Produção

Panavídeo

Ano

2005

Duração

58'

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