Retrato subtil da escritora preferida de Hitchcock, dona de uma personalidade discreta, independente e complexa que abalou as convenções
Envolta em estranheza, a incrível obra de Daphné du Maurier (1907-1989) seduziu numerosos cineastas, nomeadamente Alfred Hitchcock que adaptou ao grande ecrã A Pousada da Jamaica, Os Pássaros e Rebecca, os mais célebres romances da escritora britânica.
Recorrendo a depoimentos da filha – a viscondessa Tessa Montgomery d´Alamein, da sua biógrafa Tatiana de Rosnay, a fotografias raras, a filmes e às deslumbrantes paisagens varridas pelo vento da amada Cornualha, o documentário percorre a sua infância e vida no seio de uma família famosa e boémia, o desenvolvimento enquanto escritora, a complexa vida familiar e como as duas mulheres em Rebecca representam lados opostos e contraditórios da personalidade complexa de Daphné du Maurier.
O retrato subtil de Elisabeth Aubert Schlumberger mostra uma mulher de caráter, discreta, independente, mas muitas vezes dividida entre o amor pelo marido, as suas paixões por mulheres e o seu desejo de liberdade. Depois da guerra, por exemplo, foi difícil a recuperação da vida de casal, após quatro anos de separação. Além disso, o marido, Frederick Browning, foi condecorado em 1946 e Daphné viu-se obrigada a desempenhar o papel de Lady Browning, faceta que desprezava.
Em sua casa havia sempre o que ela chamava de “O garoto na caixa”, a parte dela mesma ansiosa para levar a vida que pretendia.