Ao sábado à noite a antena da RTP1 é pontuada por uma série de época, de culto ao rock português: Os Filhos do Rock. Catarina Furtado, uma das apresentadoras do canal, faz uma participação especial como atriz e assume um papel a que não estamos habituados.
Catarina Furtado (CF): Nunca recusaria um papel pelo facto de uma das características da personagem ser a sua orientação sexual que diverge da minha . Ainda por cima sou uma cidadã que tenta combater todos os tipos de discriminação e por isso mesmo, se uma personagem puder ajudar a passar essa mensagem, melhor ainda!
Extra! – A Catarina, enquanto figura pública e Embaixadora da Boa Vontade do UNFPA e Presidente da Associação Corações com Coroa, luta também pelos direitos das mulheres. Este papel é uma forma de lutar contra o preconceito em geral?
CF – Claro que sim mas aquilo que eu acho que é mais importante retirar da personagem da Isabel é o seu combate à violência com base no género. É nesse aspecto da sua vida que nos devemos fixar mas claro que compreendo que o facto da Isabel se envolver com a Simone (personagem principal) causa um "ruído" irresistível mas só estamos a retratar a realidade dos nossos dias. E foi um privilégio representar este papel com a fantástica atriz e minha amiga, Isabel Abreu (ainda que tenha sido muito curtinho em termos de participação porque estava a gravar ao mesmo tempo o programa Chefs Academy).
Extra! – Ainda existem atentados contra as mulheres em Portugal ou já superámos aquilo por que lutava a Isabel nos 80’s?
CF – Infelizmente a discriminaç&atiatilde;o, a violência com base no género, a diferença de oportunidades para as mulheres, a discrepância salarial, a imensa dificuldade em ter acesso a cargos de chefia, administração e participação política, o não acesso a serviços educação, de saúde sexual e reprodutiva, os casamentos precoces e forçados, a mutilação genital feminina… E poderia continuar. Há muito a fazer e o Fundo das Nações Unidas para o qual trabalho voluntariamente há 14 anos faz um trabalho essencial no terreno que convido a perceberem. A Associação Corações com Coroa que criei há dois anos nasceu exactamente com os propósitos de atuar nestas áreas.
Extra! – O que mais gostou na produção d’Os Filhos do Rock?
CF – O empenho e dedicação, o talento da equipa artística e técnica, o bom gosto e o resultado final.