Ópera com música de Thierry Escaich e libreto de Robert Badinter, inspirada num conto de Victor Hugo
Inspirado no conto ‘Claude Gueux’ de Victor Hugo, “Claude” de Robert Badinter e Thierry Escaich desvia-se da história original.
Este Claude existiu na realidade, como o confirmam os arquivos judiciários da cidade de Troyes, na região de Champagne, França, consultados por Badinter. Trabalhador diligente da Croix-Rousse, uma colina de Lyon, Claude tem uma vida feliz ao lado da mulher e da filha. Quando o patrão o despede, a ele e aos colegas, para os substituir por máquinas, Claude recusa-se a aceitar esse miserável destino. A questão não era a mudança, mas a supressão das pessoas.
Claude e outros trabalhadores da seda (canuts) pegam em armas e barricam-se. Condenado a 7 anos de trabalhos forçados, Claude é enviado para a penitenciária de Clairvaux. O amor pela profissão e o ódio à injustiça fazem dele uma figura carismática entre os detidos. Para o subjugar, o diretor da prisão separa-o de Albin, o seu mais precioso amigo. Na sequência da injustiça e da violência, Claude mata o Diretor e é condenado à morte na guilhotina.
A encenação destaca a dimensão social e política presente no conto original. Mas o coral é investido de uma função política: os textos de Hugo são subtilmente inseridos no curso da ação. O libreto polifónico inspirou o compositor com uma densidade extrema, carregada pela orquestra, o órgão e o acordeão. Ingredientes que, juntos, alimentam texturas e movimentos intrigantes e pujantes. Um verdadeiro personagem principal, a orquestra é conduzida com mão de ferro por Jérémie Rhorer através de um conjunto de ritmos pulsantes (metáforas das máquinas nas quais os detidos trabalham), lembrando o horror da prisão que é denunciado.
O resultado é uma fabulosa ópera catártica.