Na semana em que se celebra o Dia Mundial da Dança (29 de abril) desafiámos Daniel Gorjão, curador de Artes Performativas da RTP2, a falar-nos da importância da televisão para uma arte que, sem fronteiras e entre emoções distintas, assume diversas formas, ritmos e técnicas. “A RTP2 tem impacto na afirmação dos nomes da dança e bastante influência na sua economia”, antecipa.
A dança que vive no ecrã. A dança que nos importa
“É preciso muito caos interior para parir uma estrela que dança”, dizia Nietzsche porque a dança é o movimento total do humano, em que se conjugam sentimentos e emoções, códigos e reflexões, daquilo que somos e dos nossos contextos. Através da arte do corpo, de forma plural, a dança consegue chegar a todos e a cada um e, por isso, o dia 29 de Abril é dos dias mais bonitos que podemos assinalar e nunca esquecer.
Nas linhas que se seguem reflito sobre a importância da televisão para a dança, importância essa que tentamos perseguir na RTP 2.
A televisão é importante para a dança a vários níveis, quer para a preservação do cânone da dança em questões de documentação das práticas exercidas ao longo dos anos, quer na forma como a dança se reinventa e evolui a partir das ferramentas técnicas disponibilizadas pelos media. Estas possibilitam a exploração de realidades que a arte do efémero da cena real ao vivo impossibilita.
Adicionalmente, a televisão contribui de forma essencial para a difusão das obras junto de um público mais alargado que, muitas vezes, não tem acesso às salas. Contribui também para a promoção de criadores e companhias das mais diversas geografias. Nesse sentido, a televisão tem também impacto na institucionalização e afirmação dos nomes da dança, tanto a nível nacional como internacional, como podemos observar no caso sueco, que é replicado em muitas outras estações de televisão. Além disso, a televisão tem bastante influência na sua economia, uma vez que que potencia a encomenda de novos projetos, gerando mais oportunidades de trabalho para o vasto número de artistas e técnicos.
Importa salientar ainda que, através das práticas intermediáticas, o cruzamento entre a cena teatral com os media possibilita o desenvolvimento de realidades virtuais. No caso da dança, esta exploração contribui para a sua evolução, quer na forma, quer na relação lógica de apresentação entre cena e televisão.
Em Abril com o ciclo Abril Danças Mil, damos palco à dança como nenhuma outra plataforma de mass media em Portugal. Em primeira mão mostramos grandes nomes da cena mundial como Alexander Ekman com Eskapist e Cristal Pite com Body and Soul, coproduzimos o espetáculo Alice no País das Maravilhas com a Companhia Nacional de Bailado e apresentamos Danças na Cidade, exclusivamente desenvolvido para o ecrã.
Continuaremos a dar espaço e condições para que a RTP possa andar de mão dada com o melhor que de dança se faz em Portugal e no Mundo. Porque se a dança é importante para nós, nós somos importantes para a dança.
Daniel Gorjão
Curador de Artes Performativas da RTP2