Vamos dar ao sangue menstrual a cor que ele merece?
Por ocasião do Dia Internacional da Saúde Menstrual, a RTP3 exibe, em compacto, a série documental em três partes O Meu Sangue, de Tota Alves e Victor Ferreira, onde se fala sobre menstruação sem tabus.
Senhoras que não sabiam o que era, meninas já muito informadas, homens com útero, meninos confusos. Todos e todas viemos do mesmo lugar: uma vagina que sangra. Os depoimentos abordam a menstruação e pretendem pôr fim ao secretismo que o envolve. Quantas de nós já pediram em segredo um penso higiénico à amiga? Faz sentido ter vergonha?
Na publicidade a pensos, copos menstruais ou tampões vemos sempre cuecas branquinhas e sangue azulado. A justificação deve-se à alegada repugnância associada ao sangue. Mas levanta-se a questão: como é que algo tão natural, que gera vida, pode causar repúdio ou nojo?
« Já toda a gente viu sangue em todo o lado – numa ferida de uma amiga que cai, na cabeça do jogador de futebol que vai contra o poste, no herói dos filmes que salva a humanidade, nos feridos da guerra exibidos no telejornal, na porrada violenta da telenovela em horário nobre… Qual é afinal o problema do sangue menstrual? Simples: sai de uma vagina. Uma vagina, que tem um útero, onde todos e todas nós já estivemos antes de nascer.
A menstruação é e sempre foi um tabu, uma vergonha, um pecado: é a prova de que Eva comeu a maçã vermelha, é o castigo da impureza da mulher, a punição de um sexo que errou e seduziu um homem inocente. Foi sendo, por isso, um motivo de segredo, cochicho, vergonha… Até aos dias de hoje. Mas não será tempo de descontruirmos esta carga histórica em relação a alto tão natural?
‘O Meu Sangue’ dá a cor verdadeira ao sangue menstrual – vermelho – e dá voz a este ator principal através de relatos contados na primeira pessoa. Senhoras, mulheres, meninas, homens, meninos, falam abertamente sobre a sua relação com o período. Todas as pessoas têm histórias menstruais diferentes: umas boas, outras dolorosas. Vamos ouvir-nos umas às outras, normalizar o que é natural, desconstruir o nojo que foi criado injustamente sobre este sangue bom – o único que representa saúde e vida.» Tota Alves