A história da amizade que se tornou antagonismo entre dois dos mais célebres cineastas da “Nouvelle Vague”: François Truffaut e Jean-Luc Godard
Em 1974, François Truffaut (1932-1984) triunfa em Hollywood ao vencer o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com “A Noite Americana”. Ninguém suspeitou que, alguns meses antes, o seu amigo Jean-Luc Godard (Paris, 1930) lhe escrevera a dizer tudo o que de mal pensava do filme: «Vi ontem A Noite Americana, provavelmente ninguém te chamará mentiroso, assim eu faço-o.» A resposta acutilante de François Truffaut não se fez esperar: «Não ligo porra nenhuma ao que pensas sobre A Noite Americana, que não corresponde nem à tua ideia de cinema, nem à tua ideia da vida: comportamento execrável sobre um pedestal!».
A rutura entre os dois mais célebres cineastas da “Nouvelle Vague” estava consumada. É difícil evocar Godard sem Truffaut e Truffaut sem Godard, de tal modo os seus destinos estão ligados. A “Nouvelle Vague” revelou-os e uniu-os tanto quanto os afastou no espírito dos cinéfilos, cineastas e críticos. Partilhando inicialmente o desejo comum de mudar o cinema, rapidamente seguiram caminhos cinematográficos diferentes. Truffaut e Godard formam uma dupla lendária do cinema que deu origem a duas linhas onde se incluem os principais nomes do cinema de autor.
Através de inúmeros arquivos, excertos de filmes, depoimentos dos seus colaboradores e entrevistas a cineastas e historiadores, este documentário de Claire Duguet oferece uma nova perspetiva sobre a sua relação, a especial ligação ao cinema e a influência que ambos tiveram na 7ª arte.
O duelo persistiu ao longo de várias décadas e continuou mesmo após a morte de Truffaut, em 1984. No grande ecrã, o duelo desvanece-se e dá lugar a duas modernidades que se destacam. Godard continua a surpreender enquanto o modelo Truffaut é ainda hoje inspirador.