Filme-ensaio de Sérgio Tréfaut baseado nas memórias de Chil Rajchman, um dos sobreviventes do campo de extermínio nazi de Treblinka.
Rússia, Ucrânia e Polónia: viajamos num comboio fantasma com personagens etéreas, que ocupam o espaço em nome da memória. Presente? Passado? Futuro? As vozes dos sobreviventes relatam aquilo que não é possível mostrar em imagens. Só é possível imaginar. ‘Treblinka’ ouve as vozes de vários testemunhos do extermínio e as memórias de Chil Rajchman, um dos poucos sobreviventes dos campos da morte.
Nascido na Polónia, Chil Meyer Rajchman (1914-2004) foi um dos sobreviventes ao Holocausto. Detido com a irmã, em 1942, foi enviado para o campo de extermínio nazi de Treblinka (Polónia), onde mais de 750 mil pessoas perderam a vida. Mal chegaram, a irmã foi enviada para as câmaras de gás, mas Chil Rajchman escapou à execução trabalhando, sob ameaças e espancamentos contínuos, como barbeiro, separador de roupas, carregador de cadáveres e arrancador de dentes. A 2 de Agosto de 1943 participou numa revolta no campo e foi um dos poucos que conseguiu escapar. Após várias semanas de errância, escondeu-se em casa de um amigo, perto de Varsóvia, onde viveu sob anonimato até ao fim da guerra e onde escreveu “Sou o Último Judeu”, obra publicada pelos seus filhos já depois da sua morte, um livro de memórias onde relata os seus dez meses no inferno.
“Os vagões tristes levam-me para aquele lugar. Vêm de todas as direções: leste, oeste, norte, sul. De dia e de noite. Em todas as estações. Primavera, verão, outono, inverno. Os vagões chegam sem parar e de cada vez Treblinka cresce mais. Não importa quantos vagões chegam. Treblinka absorve-os todos.”
Vencedor do Prémio de Melhor Filme Português no IndieLisboa 2016, ‘Treblinka’ parte numa viagem de comboio transiberiana, onde os atores Isabel Ruth e Kiril Kashlikov dão voz a testemunhos dos sobreviventes.
Sérgio Tréfaut nasceu no Brasil em 1965. Após um mestrado em Filosofia, na Sorbonne (Paris), começou a trabalhar em Lisboa como produtor e realizador. Os seus documentários foram premiados internacionalmente e exibidos em mais de 40 países. Quase todos, como Outro País (1999), Fleurette (2002), Lisboetas (2005), A Cidade dos Mortos (2009), Alentejo, Alentejo (2014) tiveram distribuição em salas de cinema. A sua primeira ficção, Viagem a Portugal (2011), com Maria de Medeiros e Isabel Ruth, recebeu vários prémios internacionais.