Ópera de Berlioz com a soprano portuguesa Elisabete Matos, numa produção do famoso grupo de teatro catalão ‘La Fura dels Baus’
As óperas monumentais merecem grandes encenações e “Os Troianos” de Hector Berlioz (1803- 1869) é uma dessas obras. Com ensembles, bailados, grandes partes corais e orquestrais, esta grande ópera recebe um tratamento apropriado numa produção do famoso e controverso grupo de teatro catalão ‘La Fura dels Baus’, num espetáculo majestoso gravado no Palau de les Arts de Valência.
Na primeira parte, o encenador Carlus Padrissa joga com o significado da palavra “Trojan” como um vírus informático. O seu “Cavalo de Troia” leva no interior uma infeção que irá causar a falha do sistema e, em última análise, a destruição. Na segunda parte, Cartago é apresentada como a sede misteriosa de uma civilização futura, onde a humanidade caminha para a autodestruição causada pelos desastres ambientais.
“Os Troianos”, ópera em 5 atos, é baseada na Eneida, de Virgílio, um dos grandes poemas épicos da literatura mundial. Os gregos retiram-se de Tróia após um prolongado cerco e deixam para trás um grande cavalo de madeira. Os troianos reúnem-se para celebrar e transportam o cavalo, que alberga soldados gregos no interior, para dentro da cidade. A profetisa Cassandra avisa que Tróia está condenada, mas é ignorada.
O espectro de Heitor aparece a Eneias e diz-lhe para partir para Itália onde irá fundar um poderoso império. Em Cartago, o povo celebra sete anos de paz e prosperidade e louvam a sua rainha Dido mas chegam os troianos e Eneias combate em defesa da cidade. Dido e Eneias expressam o seu amor. Dividido, Eneias acaba por partir para Itália onde irá cumprir o seu destino. Ao ouvir que a frota de Eneias se fez ao mar, Dido agarra num punhal e mata-se.