O retrato íntimo de uma “mulher moderna demais” apanhada nos remoinhos da História
Versailles, 1783: Marie-Antoinette confia a construção de uma aldeia, aninhada na área de Trianon, ao arquiteto Richard Mique. Casas feitas em enxaimel, lagoas e hortas idílicas fazem parte de uma romântica paisagem anglo-chinesa. 230 anos depois da sua construção, o refúgio recupera o seu antigo esplendor e revela um retrato inédito da última rainha de França. O Vilarejo da Rainha é um palácio disfarçado de casa de campo escondido nos jardins de Versalhes. Um refúgio romântico concebido como recordação da juventude despreocupada de Maria Antonieta em Viena.
Acompanhando a excecional restauração de que o monumento foi alvo, este documentário de Sylvie Faiveley e Mark Daniels traça um retrato inédito da última rainha de França, impopular por se afastar da implacável etiqueta de Versalhes e preservar a sua intimidade nos domínios privados de Trianon. A apoteose da sua obra e símbolo do seu desejo de privacidade, o Vilarejo situado no fundo do jardim inglês é uma pequena aldeia rústica no exterior, mas uma verdadeira preciosidade artística no interior.
Chegada a França aos 14 anos de idade, Maria Antonieta foge continuamente do rígido protocolo da Corte. Os diferentes palacetes que ocupou contam mais sobre o trágico destino da rainha do que qualquer biografia oficial. Marie Antoinette exprimiu os seus estados de alma, as suas fragilidades e os seus sonhos. Aproveita o Petit Trianon e os seus jardins para os transformar em verdadeiras obras-primas.
Em apenas vinte anos, Maria Antonieta deixou uma marca profunda em Versalhes. Luís XIV foi o construtor, a rainha a insaciável designer de interiores. Depois da Revolução, o Vilarejo por pouco não resistiu à passagem do tempo. Inteiramente renovado em 2015, recupera agora o seu esplendor original. Por trás dos móveis e peças, que ocupam agora o seu antigo lugar, podemos imaginar Marie Antoinette, uma rainha moderna cujo maior crime foi reivindicar, bem antes do tempo, o seu direito à felicidade.
«Ici, je ne suis pas reine, je suis moi-même.» Marie Antoinette, rainha de França