Bailado da coreógrafa Marlene Monteiro Freitas sobre as ambivalências do mal.
Para explorar as várias formas do mal, um grupo a afundar-se num mar de papel transforma-se num coro posicionado numa tribuna. O título deste trabalho de Marlene Monteiro Freitas faz várias referências à ambivalência do mal. Mal pode referir-se a uma inquietação, a um desconforto, à dor, ao sofrimento, à agonia, à mágoa, ao tormento, ao vazio, ao horror e também ao maléfico.
Entretanto, Embriaguez Divina posiciona o mal como um estado de alucinação divina, de êxtase dionisíaco. O mal assume várias formas. Surge como força determinante num elevado número de histórias, e o teatro é há muito um contexto onde é revelado e exposto.
Para alguns, a experiência do abismo do mal é um pré-requisito para a arte. George Bataille posiciona o mal e a arte em grande proximidade, como duas forças que se opõem a um mundo lícito de cálculo racional. Perceciona as crianças como seres comprometidos com o mal, revoltando-se contra um mundo adulto de convenções inibidoras.
A exaltação Divina como uma insurreição transformativa do Mal contra o Bem, convidando a quebrar com a ordem, a escapar às normalizações e a desviar do guião.