Um homem notável que reuniu uma das mais extraordinárias bibliotecas privadas portuguesas do século XX.
Laureano Barros (1921-2008), grande bibliófilo e intelectual antifascista, teve uma vida intensa e sofrida. Através de uma investigação quase antropológica, a partir de peças isoladas, exemplares da sua biblioteca, correspondência e testemunhos dos que com ele conviveram, este documentário de Paulo Pinto reconstrói a incontornável mas distante personalidade de Laureano Barros, matemático de génio e amante da literatura, um homem notável, rigoroso, inflexível com a verdade e a liberdade. Para além de uma apurada pesquisa, o filme conta com depoimentos de Armando Alves, Eduardo Lourenço, Fernando Echevarría, Fernando Guimarães, entre outros.
Foi no Porto, nos tempos de estudante, que Laureano Barros começou a comprar livros. Frequentava os alfarrabistas e iniciou uma coleção enorme. Aluno exemplar foi professor de Matemática, mas cedo foi afastado por contestar o governo de Salazar e a PIDE. Passou a dar explicações para se sustentar. Os rendimentos das propriedades familiares de Ponte da Barca serviam para comprar livros. Depois do 25 de Abril recebeu vários convites para voltar a lecionar nas mais prestigiadas universidades e escolas de Portugal. Perfecionista, não suportava situações menos que perfeitas e preferia retirar-se, mesmo que isso tivesse implicações na vida e na carreira. Acabou por se isolar em Ponte da Barca, terra onde passou os últimos 30 anos de vida.