Estreia mundial da ópera de Donizetti, 180 anos após a composição.
A ópera “L’ Ange de Nisida”, do compositor italiano Gaetano Donizetti, foi encomendada pelo diretor do Théâtre de la Renaissance em Paris. O libreto foi confiado a Gustave Vaez e Alphonse Royer, e a ópera em quatro atos foi concluída em 1840. Infelizmente, o teatro faliu e a ópera nunca chegou à cena. Donizetti estava ciente de que outros locais rejeitariam o trabalho, tanto por motivos de repertório quanto de censura (o enredo girava em torno do rei de Nápoles, Ferdinando d’ Aragona e da sua amante).
Consequentemente, Donizetti reviu a partitura e incorporou uma parte significativa na sua nova ópera “La Favorita”. A partitura autografada perdeu-se e foi somente graças à meticulosa pesquisa da musicóloga Candida Mantica que foi recuperada. A musicóloga assumiu o enorme desafio de classificar as cerca de 470 páginas de “L’ Ange de Nisida” que sobreviveram na Biblioteca Nacional de França em Paris, e que se encontravam alternadas aleatoriamente; restabeleceu a ordem original e conseguiu reconstruir cerca de 97% da música de Donizetti. As poucas lacunas na partitura foram julgadas irrelevantes e a ópera foi considerada uma obra completa, sem necessidade de acréscimos escritos por outros compositores.
Por fim, 180 anos depois da sua composição, a ópera foi apresentada pela primeira vez, na sua forma teatral original, na cidade natal de Donizetti, Bérgamo, uma coincidência simbólica que adicionou valor emocional a um evento há muito esperado. A estreia mundial foi um triunfo, aclamada pelo público e pela crítica, e obteve um prémio especial no 39º Prémio Franco Abbiati da crítica musical italiana.