Esmagada contra o oceano pela encosta de um vulcão, a vila da Ribeira Quente vive os últimos dias da atividade piscatória tal como a conhecemos.
A vida continua mesmo com o peixe a escassear: todos lutam por dias normais e nem a presença de uma observadora das pescas parece interferir na recatada comunidade, habituada a lutar pela sobrevivência.
Inspirado em duas obras de Raul Brandão (Os Pescadores, 1923 e As Ilhas desconhecidas, 1926), Rodrigo Areias leva-nos à ilha de S. Miguel, no arquipélago dos Açores, para compor uma malha de narrativas deambulantes que cruzam pessoas, personagens e fantasmas que coexistem num território singular e complexo.
Hálito Azul documenta, num meio caminho entre o antropológico e o poético, esse espaço específico e as pessoas que o habitam (que vivem e morrem no mar) e que, com o decorrer dos séculos, o foram moldando à medida das suas necessidades, mas também se interessa pelo processo inverso, pelo fascínio que o homem vai alimentando acerca das superstições e misticismos locais.
“O Mar… aqui acabam as palavras. Aqui acaba o Mundo que eu conheço.”
O filme venceu o Prémio para melhor Documentário no Pristina International Film Festival 2019, no Kosovo e o Prémio Especial do Júri na primeira edição do Kalajoki Film Festival, na Finlândia.