Documentário de Jorge Silva Melo sobre um criador que se destacou por ter fotografado como ninguém até então atores, artistas e escritores no Portugal cinzento dos anos 1940 e 50, antes de partir para o exílio
Através de uma longa entrevista em 2008, numa passagem por Lisboa, e outra em 2017, na sua casa em São Paulo, Jorge Silva Melo faz o retrato de uma vida, a vida feliz de um homem inquieto.
Nascido a 3 de maio de 1926, em Lisboa, Fernando Lemos – pintor, artista gráfico e fotógrafo – pertence à terceira geração de artistas modernistas portugueses. Partiu de Lisboa em 1953 rumo a São Paulo, no Brasil, mas deixou-nos a mais impressionante galeria de retratos desde Columbano: dos seus amigos, atores, escritores e pintores que fotografou incessantemente naqueles três últimos anos que viveu em Portugal.
São retratos surrealistas de Álvaro Lapa, Casais Monteiro, Alexandre O’Neill, Sophia de Mello Breyner, Mário Cesariny, Arpad Szenes e Vieira da Silva, Jorge de Sena, Glicínia Quartin, José Cardoso Pires, ou Nikias Skapinakis, que parecem dizer adeus ao cinzento insuportável do fascismo.
«Fui estudante, serralheiro, marceneiro, estofador, impressor de litografia, desenhador, publicitário, professor, pintor, fotógrafo, tocador de gaita, emigrante, exilado, diretor de museu, assessor de ministros, pesquisador, jornalista, poeta, júri de concursos, conselheiro de pinacotecas, comissário de eventos internacionais, designer de feiras industriais, cenógrafo, pai de filhos, bolseiro, e tenho duas pátrias, uma que me fez e outra que ajudo a fazer. Como se vê, sou mais um português à procura de coisa melhor.» Fernando Lemos