Nuno Carinhas e Cristinha Carvalhal encenaram a peça que Jacinto Lucas Pires adaptou do romance “Nome de Guerra” de Almada Negreiros, numa produção do Teatro Nacional de S. João.
O ano começa com um portuguesíssimo ponto de interrogação, um “o quê com letra maiúscula”: Antunes, um provinciano português de 30 anos de idade, entregue aos acasos da sorte numa capital de mulheres da vida e outros figurões, homem em luta consigo mesmo que descobre a grande pergunta da identidade.
Mas não há apenas um imenso ponto de interrogação na ágil reescrita que Jacinto Lucas Pires faz do romance “Nome de Guerra”, obra do génio multifacetado Almada Negreiros: há também pontos de exclamação e pontos de interrogação, sinais de caveira e cardinal, bombas, asteriscos.
“Exatamente Antunes” tem qualquer coisa de BD, é certo, mas pisca também o olho à comédia romântica, ao folhetim realista, à tragédia grega, ao melodrama, à farsa musical, e ao baile de máscaras. Através do palco vazio do Teatro Nacional de São João somos convidados a entrar no interior da cabeça desta personagem e do seu “desconcertante jogo de palavras”. Um espetáculo com encenação de Nuno Carinhas e Cristina Carvalhal.