O duro quotidiano e as condições de vida desumanas de uma comunidade de mineiros das montanhas do Perú.
Descobrimos uma povoação remota, situada 5100 metros acima do nível do mar, nos Andes peruanos. La Rinconada é a cidade mais alta no planeta, uma zona agreste onde a temperatura média ronda os 1,2 graus clesius. Com uma mina de ouro nas proximidades, é uma povoação pobre e distante do paraíso onde homens, mulheres e crianças desafiam os elementos da natureza e lutam contra o próprio desespero em busca de melhores condições de vida.
No monte Ananea, na maior mina da terra, os mineiros cavam buracos e arrastam sacos de pedras, vagueando em permanente exaustão. Motivados pela esperança ou pelo desespero vivem a triste ilusão do “eldorado”. Com a subida do preço do ouro, muitos peruanos rumaram até lá, acreditando que o sacrifício os ajudaria a enriquecer e a mudar de vida. Mas a cidade cresceu desordenadamente, sem infraestruturas para uma existência condigna.
Não há saneamento básico, água potável, cuidados de saúde e os riscos de contaminação são elevados. Com um poder público quase ausente e um policiamento mínimo, este é um local repleto de crimes, uma terra sem lei, nascida da miséria humana e povoada por pobres andarilhos numa moderna corrida do ouro.
Com Eldorado XXI, a sua segunda longa-metragem documental, a portuguesa Salomé Lamas venceu a 3ª edição do Porto Post/Doc e foi nomeado para o Fénix Film Award. O filme narra 24 horas na vida de Mamani, um mineiro informal, que trabalha sob o sistema de cachorreo (semelhante ao imposto pela corte espanhola aos escravos nativos) com a esperança de um dia poder libertar a sua família deste Inferno de Dante e regressar à sua terra natal.
