No meio de uma crise da meia-idade agravada pela chegada do cinema sonoro, Charlie Chaplin decide não regressar a Hollywood após a digressão do filme Luzes da Cidade. Em vez disso, foge para a exótica e distante Bali.
Em 1932, a ilha indonésia de Bali, local onde o ator e realizador é praticamente desconhecido, parece um verdadeiro paraíso. Fascinado pelo modo de vida calmo dos habitantes, o criador de Charlot encontra inspiração e rejuvenescimento criativo nas danças, que filma o máximo possível ajudado pelo irmão Sydney. Chaplin vibra com o modo de vida e a cultura do Bali e dança imitando os seus movimentos, que surpreendentemente ecoam a sua própria arte de pantomima.
A viagem ajuda-o a superar o medo do som e permite-lhe embarcar numa nova fase que o levará a Tempos Modernos, o primeiro filme onde não só fala como também canta. No entanto, este momento de epifania não é de total ingenuidade, Chaplin testemunha em primeira mão o lado negro do mundo colonial. Isso leva-o a escrever o guião de um filme fortemente anticolonial, que acaba por nunca filmar, mas que contribuiu para despertar e reforçar a sua antipatia por qualquer forma de domínio.
Este documentário de Raphaël Millet reúne imagens surpreendentes recolhidas por Charlie Chaplin e pelo irmão, uma inestimável fonte de informação e documentação que revela aspectos pouco conhecidos da carreira de um dos maiores artistas de sempre.