“A transformação ideal seria tornarmos-nos no que não existe e, ao sermos nada, podemos ser tudo.” Ko Murobushi
Carlotta Ikeda (1941-2014) foi uma bailarina e coreógrafa japonesa de Butô, uma mistura de dança e artes dramáticas que surgiu no Japão na década de 1950 inspirada nos movimentos de vanguarda como o expressionismo, o cubismo e o surrealismo, e nas danças japonesas. «Butô é uma das mais arrojadas formas de dança contemporânea, única do Japão. Expressa ao mesmo tempo tantas ideias diferentes que é impossível defini-la.» Kazuo Ohno
Este bailado junta a tradição clássica e o Butô. Apresentado no Grande Teatro de Bordéus no final de 2007, Zatoïchi tem música do compositor francês Christian Lauba (Sfax, Tunísia, 1952) interpretado pela Companhia de Bailado da Ópera de Bordéus com a participação especial de Charles Jude (Mỹ Tho, Vietname, 1953).
Zatoïchi é um mestre cego, muito popular no Japão, inventado pelo escritor Kan Shimosawa (1892-1968). Habitado por uma respiração irresistível, o universo coreográfico e sonoro do bailado explora com uma intensa poesia as múltiplas ressonâncias do conto de Kan Shimosawa. Carlotta Ikeda juntou a tradição clássica e o Butô, unindo Oriente e Ocidente, duas culturas contrastantes. A ideia de uma dança como dispêndio de energia, toda virada para o exterior, contra um movimento interior “de busca diária pela alma”, como refere Kazuo Ohno.
