Documentário premiado de Tiago Hespanha que reflete sobre a natureza das coisas, físicas e humanas, transcendentes e mundanas.
A palavra “campo” vem do latim capere (capturar). Na Antiguidade, nos arredores de Roma ficava o “Campo de Marte”, o terreno onde se treinavam os soldados. Hoje, nos arredores de Lisboa, em Alcochete, fica a maior base militar da Europa.
Encaixado entre as bacias dos rios Tejo e Sado, estende-se por 7.539 hectares, com fauna e flora a coabitar com a parafernália de equipamento militar. Ali, soldados treinam missões fictícias, enquanto astrónomos observam estrelas e um rapaz toca piano para veados selvagens que espreitam à noite. Ali, naquele campo, a vida manifesta-se nas suas dimensões mais contraditórias e misteriosas.
“Aproximei-me dos homens e dos animais que aqui habitam e encontrei excitação, obsessão, curiosidade, mas também rotina e aborrecimento. Mas o que vivi apontava sempre para a transcendência do mundo e da vida, maiores que este lugar.” Tiago Hespanha
Narrado pelo próprio realizador, “Campo” fala do círculo da vida numa série de patamares de simbologia e referência que vão da Mitologia clássica à Astronomia, sem nunca perder de vida a dimensão humana, quotidiana, dos que vivem à volta do Campo de Tiro de Alcochete.
O filme venceu o principal prémio do programa First Look do Festival de Locarno, em 2018. Tiago Hespanha realizou outros documentários, como “No trilho dos Naturalistas” (2016), “Visita guiada” (2009) ou “O presente que veio de longe” (2008) e “Revolução Industrial” (2014), correalizado com Frederico Lobo.