A guerra colonial durou 14 anos. Mobilizou quase um milhão de soldados portugueses e várias centenas de milhares de guerrilheiros angolanos, guineenses e moçambicanos. A exemplo do que aconteceu noutras guerras prolongadas, para além de outras manifestações artísticas, a música também teve inspiração no conflito.
Desde logo, um hino composto logo no início da guerra de Angola. Depois, o aproveitamento de fados antigos, inspirados na I Guerra Mundial, regravados por artistas populares. Ao longo dos anos, a guerra inspirou outras canções. Umas, de apoio aos soldados, mas outras foram compostas por artistas no exílio, contra a guerra.
Na verdade, também na música as opiniões estavam divididas, mas cada vez mais, com o passar dos anos, se manifestavam contrárias ao conflito em três frentes em África. As canções de protesto não eram ouvidas em Portugal através da rádio, por exemplo, uma vez que estavam proibidas pela censura. Eram ouvidas e cantadas em reuniões políticas clandestinas e em convívios universitários, muitos deles interrompidos pela intervenção da polícia.
Nos quartéis do mato africano, os militares ouviam todo o tipo de música e adaptavam músicas conhecidas, com letras escritas sobre a sua vida no mato. As mais célebres constituem hoje o denominado Cancioneiro do Niassa, uma interessante coletânea que revela muito do sentimento dos soldados. Na guerrilha, a música também esteve presente, quer com hinos dos diferentes movimentos independentistas, quer com canções de incentivo à luta.
É esta recolha de cerca de sete dezenas de músicas, as canções da guerra, que agora apresentamos.
Um programa de Luís Marinho, com produção de Joana Jorge. Músicas com História, para ouvir de segunda a sexta, a partir de 14 de Setembro, na Antena 1.