O trabalho da rádio pública foi mais uma vez reconhecido e premiado. A mais recente distinção chega-nos dos Prémios GAZETA, os prémios mais prestigiados do Jornalismo português. A Grande Reportagem Na arte de resistir – Somos Moçambique da autoria de Paula Borges e Orfeu de Sá Lisboa, sonorizada por Paulo Cavaco e emitida pela RDP África, venceu o Prémio Gazeta de Rádio 2022.
Para Paula Borges, esta distinção pelo Clube de Jornalistas “representa, sobretudo, a força das histórias contadas na primeira pessoa por homens, mulheres e crianças de várias zonas de Moçambique, afetadas por fenómenos climáticos extremos; é também o reconhecimento do trabalho de técnicos nacionais e estrangeiros em conjunto com as comunidades para construir respostas, num dos países que tem sido (e continuará a ser) vítima de catástrofes. Acreditamos que é ainda um reconhecimento da aposta do serviço público de rádio na Grande Reportagem (em termos financeiros, em tempo e em espaço de grelha) e do trabalho da RDP-África, num contexto de enormes constrangimentos de recursos humanos. A RDP-África é ouvida por largos milhares de pessoas nos países de língua oficial portuguesa em contextos de pressão sobre a comunicação social, com realidades sociais, económicas e políticas muito diversas e isso levanta sérios desafios ao nível do rigor e da qualidade“.
Segundo a jornalista, a reportagem Na arte de resistir – Somos Moçambique permitiu “dar espaço às pessoas afetadas e destacar a sua dignidade e luta diária. Colocá-las no centro do problema e da procura das soluções num caminho difícil. Como diz Mia Couto «deem nome às vítimas». Os protagonistas são pessoas que perderam tudo do que era já quase nada e cujas vozes raramente são ouvidas, por vários motivos. A Bolsa de Criação Jornalística sobre Desenvolvimento e a aposta dos responsáveis pela RDP-África e pela DIN num trabalho de 15 dias em várias províncias, com milhares de kms percorridos, representou horas do Moçambique real em antena, em vários canais. É também um desafio para que se olhe África e Moçambique, em particular, para lá da desgraça, da calamidade, do terror extremista. Essas realidades existem, mas não definem o país e os seus cidadãos“.
Este trabalho que procurou identificar as soluções para a recuperação de zonas afetadas por catástrofes naturais e conflitos não se desenvolveu sem constrangimentos. “O desafio maior foi cumprir o plano ambicioso de reportagem traçado. Moçambique é um país imenso com estradas muito más, graves problemas de mobilidade e custos elevados para um trabalho como este. Custos que calculámos mal. Não teríamos conseguido sem o apoio de organizações não governamentais e agências das Nações Unidas. Foi necessária muita resiliência e paciência! No terreno foi muito difícil, mas analisando agora, diríamos que foi «deliciosamente desafiante»!”, admite Paula Borges.
Assista aqui à Grande Reportagem.