Espetáculo de Rita Calçada Bastos, a partir da vida e obra de Clarice Lispector.
Rita Calçada Bastos propõe-se criar um objeto teatral a partir da vida e obra da brasileira Clarice Lispector, escritora que sempre a intrigou. Esse objeto teatral resulta do eco que essa escritora maior tem na sua visão da vida.
A primeira vez que tomou conhecimento da sua obra foi há cerca de 20 anos, com o livro “A Hora da Estrela”. “Sempre me interessou saber quem é a pessoa por detrás de um livro: quais as suas inquietações, qual a sua experiência de vida e o seu entendimento da mesma… no caso de Clarice, isso esteve muito presente. A matéria da sua escrita é intemporal porque vem da condição humana, desta coisa de ser pessoa”, diz Rita Calçada Bastos, que descreve Clarice Lispector como “a estranha, a estrangeira, a hermética, a mulher dona de casa, a escritora, a mãe, a pessoa capaz de ir morrendo por aqui e por ali para conseguir ser”.
Em que medida a fronteira entre a biografia e a própria obra se vai desvanecendo? Não é o ser humano objeto de profunda inquietação? E o que faz com isso? É a partir destas interrogações que a encenadora cria “Eu Sou Clarice”, solo interpretado por Carla Maciel. “Clarice escrevia de uma forma avassaladora sobre a humanidade, via com o seu olhar de criança tudo aquilo que só se consegue ver quando se morre, e aí, e só assim conseguia ver a beleza da vida”, acrescenta Rita Calçada Bastos.
“Eu Sou Clarice” é o segundo espetáculo da trilogia que se iniciou com “Se Eu Fosse Nina”, que cruzava a personagem Nina de “A Gaivota” de Tchekov com a biografia da própria encenadora, e terminará com “À Procura de Chaplin”.