Filme ópera futurista de Michael van der Aa.
Avanços recentes em inteligência artificial e neurociência significam que em breve poderemos mapear as nossas memórias e experiências e usar esses dados para construir uma consciência digital idêntica à nossa. Essas “transcrições do cérebro completo” poderão continuar indefinidamente após a nossa morte: uma forma de ressurreição virtual.
Mas onde residem realmente as nossas identidades? Nas nossas mentes, nos nossos corpos ou nos nossos relacionamentos? E até que ponto os dados da nossa vida determinam o nosso destino? “Upload” explora essas questões filosóficas antigas tendo como pano de fundo as tecnologias atuais e futuras.
“Upload” conta a história de um pai, que sofre um trauma grave, e de uma filha. Possui duas linhas do tempo: o presente (logo após o upload do pai) e o passado recente em que o processo de upload ocorre. Nesses flashbacks, vemos a tecnologia usada para o upload: captura de movimento e gravações de foley. Durante este processo, o corpo físico morre. O pai é tratado por um psiquiatra e dois técnicos num laboratório suíço.
As conversas com familiares e amigos com todos os tipos de memórias enfatizam a falha de memória e implicitamente a imprecisão do processo de upload. Entretanto, vemos momentos do presente: a filha não estava ciente do desejo ardente do pai de ser carregado para diminuir o trauma. O processo falha; o pai coloca o destino nas mãos da filha. Ela tem de decidir se o vai ou não apagar, uma forma de eutanásia digital.