O teatro está de regresso à RTP com a peça Jogadores, do espanhol Pau Miró, numa produção dos Artistas Unidos com Américo Silva, António Simão, João Meireles e Pedro Carraca
A história simples de quatro homens que jogam uma partida de cartas e acabam por embarcar num jogo muito mais perigoso. Cada um tem a sua própria história mas em comum têm um sentimento de frustração e de desajustamento. O mundo mudou e não o entendem. Mudaram os valores, as regras e não encontram o seu lugar. É como se estas personagens se tivessem esquecido do texto e estivessem à espera que voltasse. Perderam o pulsar do mundo, e só têm uma maneira de o recuperar, talvez demasiado arriscada, seguramente demasiado perigosa. E louca. E também desesperada. Ao fim e ao cabo, no entanto, a única maneira. Jogadores é um retrato das relações humanas e do lado negro e inacessível que se esconde em cada um de nós.
Numa casa antiga, ao redor de uma mesa, encontram-se quatro amigos, que já não se viam há algum tempo. Um é barbeiro, ex-dono da barbearia onde ficou como empregado e de onde foi despedido. Desconfia que a mulher anda com outro mas não se importa, desde que não o deixe. O segundo, coveiro de profissão, passa a vida a falar da prostituta ucraniana e dos ciúmes que tem dos outros clientes. O terceiro é um ator falhado. Nas audições nunca é escolhido, é mais fácil roubar no supermercado, mesmo com o risco de ser apanhado de vez em quando. Por último o dono da casa, um professor de matemática que num momento de desvario agrediu um aluno. Suspenso, aguarda julgamento e pede aos amigos que sejam testemunhas abonatórias.
A casa acaba por ser um refúgio onde os fracassos são aceites, onde são a regra e não a exceção. Condenado a pagar uma indemnização, o professor só encontra uma saída, assaltar um banco. Os quatros são jogadores compulsivos a precisar de refazer financeiramente a vida. Discutem, hesitam mas decidem arriscar e aí o jogo torna-se perigoso.
Título Original: Jogadores
Intérpretes: Américo Silva, Pedro Carraca, António Simão, João Meireles
Tradução: Joana Frazão
Cenografia e Figurinos: Rita Lopes Alves
Realização: Jorge Silva Melo e Miguel Aguiar
Produção: Artistas Unidos/ RTP
2017 – 68 minutos