Por que te candidataste à Academia RTP?
Candidatei-me à Academia RTP por perceber que seria uma excelente oportunidade para aprender, para testar as capacidades que tenho adquirido ao longo da licenciatura e ganhar novas ferramentas, bem como para me desenvolver a nível pessoal. Para além disso, a arte de contar histórias através do audiovisual é algo que me fascina.
Quais são os teus objectivos para a Academia RTP 4.0?
Os meus objectivos são sobretudo aprender – tanto com os formadores como com os meus colegas de equipa – perceber quais são os meus pontos fortes e os meus pontos fracos e desenvolver-me tanto a nível profissional como pessoal.
Que expectativas para a Academia RTP 4.0?
Correndo o risco de me repetir, as minhas expectativas são aprender o máximo possível. Quero terminar a Academia mais confiante nas minhas capacidades e com mais certezas em relação ao que quero fazer no futuro. Para além disso, quero perceber de que modo consigo contribuir melhor para um projecto e dentro de uma equipa. Acima de tudo acho que quero sair com uma sensação de “dever cumprido”, orgulhosa do trabalho desenvolvido e sabendo que contribuí o melhor que pude para o resultado final.
Qual a tua área preferencial?
Escrita Criativa
Numa era digital, cada vez mais interactiva, a criação de novos conteúdos passa por onde?
Penso que a partir de agora a criação de novos conteúdos passará sempre pelo digital e pelas redes sociais. É lá que o público passa a maior parte do seu tempo por isso são ferramentas que faz sentido utilizar, mesmo que meramente numa lógica de promoção de conteúdos. Para além disso, a interactividade terá um papel fundamental, uma vez que o público – na minha opinião – procura cada vez mais “fazer parte” do entretenimento e da informação que consome. Quer ter um papel cada vez mais activo e sentir que a sua opinião é valorizada. Contudo, penso que a produção de conteúdos na era digital passará sobretudo por criar conteúdos cada vez mais “humanos”. Para mim, a adesão crescente aos novos media – e especialmente às redes sociais – deve-se em grande parte a uma necessidade de “conexão” e de pertença, de nos sentirmos ligados às pessoas e ao mundo à nossa volta. A meu ver, uma das melhores formas de responder a essa necessidade é criar conteúdos com os quais as pessoas possam sentir essa ligação, o que passa por produzir histórias com um forte carácter humano, com personagens e temáticas com as quais as pessoas se possam identificar. Conteúdos que peçam reflexão e que provoquem uma sensação de crueza, de autenticidade… já que tantas vezes as redes sociais que facilitam a comunicação são as mesmas que nos fazem sentir mais desligados e que parecem transformar a realidade em algo vazio ou artificial.
Quais são as tuas referências literárias, cinematográficas e dramatúrgicas? (livros, autores, filmes, etc., que foram marcantes para ti)
Acho que não tenho grandes referências literárias, apesar de admirar o trabalho de escritores como Tolkien, George R. R. Martin ou JK Rowling por conseguirem construir universos incrivelmente complexos nas suas páginas. Quando era pequena a minha
escritora favorita era a Sophia de Mello Breyner e a “Fada Oriana” era o meu livro favorito. Por volta do sexto ano lembro-me de ter gostado muito da “Lua de Joana” e do “Diário de Anne Frank”, e de um livro sobre uma adolescente que engravidava, que um dia encontrei na biblioteca da escola (já não me lembro do título mas mexeu muito comigo). Admito que li todos os livros da saga “Twilight” e, apesar de hoje reconhecer que não são nada de especial, na altura aquilo foi uma revelação. No secundário gozaram comigo por ter gostado do “Memorial do Convento” do Saramago e a verdade é que chorei quando o acabei de ler. Durante esses anos também li todos os livros do John Green (estava muito na moda) e gostei bastante de alguns deles – especialmente o “Looking for Alaska”. Outros livros de que também gostei muito foram o “Perks of Being a Wallflower”, “O Grande Gastby”, o “Lolita” o “1984”. Acho que todos os filmes que vi durante a minha infância me marcaram de uma maneira ou de outra. Costumava saber de cor todas as falas de filmes como “O Corcunda de Notre Dame”, “A Pequena Sereia”, “Atlântida”, “El Dorado”, “Shrek”, “Monstros e Companhia” e “Os Incríveis” – algumas delas ainda sei. Na verdade, grande parte da minha infância foi passada no quarto a imitar cenas de filmes. Não tenho propriamente um realizador ou um filme favorito mas aprecio bastante o trabalho do Quentin Tarantino, do Wes Anderson, do Woodie Allen, do Martin Scorsese, do Christopher Nolan e do David Fincher. Filmes como a trilogia “Before”, “Annie Hall”, “500 Days of Summer”, “Eternal Sunshine of a Spotless Mind”, “Scott Pilgrim vs The World”, “The Big Lebowsky”, “Her”, “I Origins” e “A Single Man” são alguns dos meus filmes preferidos. Marcaram-me bastante e acho que todos eles são bastante inventivos de alguma forma, seja no argumento, no uso de cor, na utilização de música… Também sou fã de Star Wars, Harry Potter e filmes de animação no geral. Durante a licenciatura alguns professores mostraram-me filmes de que também gostei muito, como o “The Apartment”, “To Be or Not to Be”, “Casablanca”, Sunset Boulevard”, “Welcome To Saravejo” ou “Tokyo Sonata”. Devo-lhes muito, porque sem eles talvez não tivesse conhecido Billy Wilder, Ernst Lubitsh, Alfred Hitchcock, David Linch, Michelangelo Antonioni, Ken Loach ou os Irmãos Dardenne. O último Grande filme que vi foi o “Moonlight” – não consigo apontar-lhe uma única falha. Contudo, é muito complicado fazer listas de filmes ou séries ou álbuns favoritos. Sinto sempre que me vou esquecer de qualquer coisa e que acabarei por ser “injusta”. Além disso, acho que todos os filmes e livros que vi e li me ensinaram alguma coisa, mesmo aqueles de que não gostei.
Que livro (s) estás a ler neste momento? Que série (s) andas a ver? Que filmes ou peças de teatro tens muita vontade de ver brevemente?
Gosto muito de séries. Vejo “Anatomia de Grey” com o meu pai todas as quartas-feiras – para chorarmos um bocadinho os dois – e “Scandal” com a minha mãe. Ainda assim, é mais uma questão de tradição do que outra coisa… se não fossem os meus pais provavelmente já as tinha deixado de seguir. Nos últimos meses devorei “Black Mirror”, “Atlanta” e “WestWorld” com o meu namorado e adorei-as a todas. Podia falar durante horas sobre cada uma delas e ando a impingi-las a todas as pessoas que conheço. Também ando a ver “House of Cards” e “Stranger Things” mais casualmente, quando tenho tempo. E encontro-me impacientemente à espera do retorno de “Game of Thrones”. Quanto a filmes que quero ver… devo ir ver o “Logan” ainda esta semana, enquanto ainda está nos cinemas. Interessa-me bastante a ideia de um filme de super heróis mais focado nas personagens do que nas cenas de acção. Especialmente quando se tratam de personagens que já conhecemos há 17 anos. Acho que tenta fazer algo diferente com o género cinematográfico dos “comic book movies” e isso deixa-me entusiasmada. Também quero muito ver o “Get Out”. Não costumo gostar nada de filmes de terror – não é um género que me interesse muito – mas este teve críticas excelentes e lida com questões raciais. Mais uma vez, pega no seu género e inova, faz algo diferente e inesperado (segundo dizem). Fico sempre muito curiosa com filmes assim. Para além disso estou curiosa em relação ao “Baby Driver”, porque sou fã do Edgar Wright, ao “Blade Runner 2049 – porque 1) Blade Runner, 2) o elenco é excelente e 3) o Dennis Villeneuve é possivelmente um dos melhores realizadores da sua geração – e ao “Star Wars Episode 8 – The Last Jedi” porque… bem, porque Star Wars (e porque gostei muito das novas personagens e quero conhecê-las melhor). De momento não estou a ler nenhum livro mas acho que vou começar a ler a saga “Harry Potter”. Nunca o cheguei a fazer e sinto que preciso. Quando entrei na faculdade perdi um pouco os meus hábitos de leitura, algo que me preocupa bastante e que estou a começar a tentar combater. Acho que por ter de ler tantos textos de carácter académico para a faculdade deixei de ler por prazer. O último livro que li foi o “1984” do George Orwell e gostei muito – é bastante interessante como um livro escrito há mais de 70 anos consegue manter-se tão actual e pertinente.
Se fosses uma palavra, qual serias?
Turbilhão
O que é para ti a criatividade? (vá, não nos dês uma seca! Sê criativo)
Para mim criatividade é, em primeiro lugar, a capacidade de pensar de forma original, de forma diferente e liberta de preconceitos. É a capacidade de ter ideias inesperadas e inovadoras. Mas ser criativo é também ter a capacidade de concretizar essas ideias, de as materializar – afinal, elas servem-nos de pouco se ficarem para sempre na nossa cabeça. A maioria das pessoas pensa em criatividade como algo maioritariamente interior – e no início é – mas a criatividade também se relaciona com a capacidade de arranjar soluções, de ultrapassar obstáculos. Acho que podemos ser criativos com todas as partes da nossa vida, desde a maneira como nos vestimos ou maquilhamos até à forma como nos expressamos e como vemos o mundo.