De 5ª feira (30 de abril) a domingo (3 de maio), à noite, na RTP2

A RTP2  presta homenagem ao mestre do cinema português através de uma programação especial, a que deu o nome: CELEBRAR MANOEL DE OLIVEIRA, entre 30 de abril e 03 de maio, ao final da noite. Neste espaço dedicado a Manoel de Oliveira, iremos poder ver alguns dos seus filmes, tais com: “O PASSADO E O PRESENTE”, “OS CANIBAIS”, “VALE ABRAÃO”, “UM FILME FALADO”, os quais serão antecedidos por depoimentos de Paulo Branco, Luís Miguel Cintra, Catarina Wallenstein, Ricardo Trêpa.

Programação detalhada:

5ª feira, dia 30 de abril

23h30 – CELEBRAR MANOEL DE OLIVEIRA COMPaulo Branco, produtor de cinema cuja primeira e inesquecível experiência com o realizador Manoel de Oliveira aconteceu em 1981 com o filme “Francisca”, e que aqui aborda o filme “O Passado e o Presente”.

23h35 – “O PASSADO E O PRESENTE”

A trama gira à volta de Vanda, uma jovem mulher que em vida despreza os maridos para os venerar depois da morte. Um jogo de ficção entre o real e o imaginário, o imaginário de uma personagem obcecada por um mundo que já não é mundo. Procura viver o presente com os homens que viveu no passado, com uma memória daquilo que enquanto tinha vida não fez caso.

Este filme foi premiado pela Casa da Imprensa com o prémio de Melhor Realização e Melhor Fotografia. Por seu lado a Secretaria de Estado da Informação e Turismo considerou Manuela de Freitas a melhor atriz, pelo papel desempenhado neste filme, fazendo de “Noémia”.

O Passado e o Presente para além de marcar o regresso de Oliveira, que desde 1965 não apresentava nada em público, assinala por outro lado os chamados «anos Gulbenkian». Assim, ficou conhecido o apoio que esta instituição privada concedeu ao cinema português. Neste período alguns dos melhores realizadores tiveram a oportunidade de verem os seus filmes realizados, pois quem financiava os projetos era a Gulbenkian em vez de ser o Estado, como anteriormente acontecia.

Título Original: O Passado e o Presente

Com: Maria de Saisset, Manuela de Freitas, Bárbara Vieira, Alberto Inácio, Pedro Pinheiro, António Machado Ribeiro, Duarte de Almeida, José Martinho, Alberto Branco, Guilhermina Pereira, Agostinho Alves, Pedro Efe, António Beringela, Carlos Sousa e Cândida Lacerda.

Realização: Manoel de Oliveira

Produção: Manoel de Oliveira, Centro de Cinema Português

Autoria: Manoel de Oliveira, em adaptação da obra original de Vicente Sanches

Ano: 1972

Duração: 116 minutos

6ª feira, dia 1 de maio

23h30 – CELEBRAR MANOEL DE OLIVEIRA COMo ator Luís Miguel Cintra, um dos mais antigos e fiéis atores que colaboraram com Manoel de Oliveira e que irá celebrar este grande realizador através do comentário ao filme “Canibais”, no qual também participou como ator.

23h35 – “OS CANIBAIS”

Margarida, é uma jovem bela que se apaixona pelo Visconde de Avelede. Uma paixão intercetada por D. João que odeia o Visconde e não descansa enquanto não o derruba. É no fundo o regresso à tetralogia dos amores frustados iniciado com Benilde ou a Virgem Mãe , Amor de Perdição e Francisca que Oliveira aqui faz representar, só que de uma forma diferente.

O filme surgiu por iniciativa de João Paes que escreveu uma música de ópera, lançando o desafio a Oliveira para fazer um filme com aquela música, o qual não recusou. Faltava só encontrar uma história para levar em frente aquela ideia e então Oliveira pegou num conto de Álvaro do Carvalhal, ”Os Canibais”, com o qual concretizou o projeto. Mais uma vez, Manoel de Oliveira demonstra os seus dotes de realizador, com uma planificação soberba, quer de imagem, de mise-en scéne, como de atores, que para além de serem os interpretes das músicas tinham que representar, e fizeram-no de forma brilhante.

Com este filme, Oliveira obteve o Prémio Especial da Crítica – São Paulo 1988. Prémio L`Age d`Or, atribuído pela Cinemateca de Bruxelas no mesmo ano e uma Menção Honrosa da Rádio Difusão Portuguesa, através da Antena 1, atribuída em 1989.

Título Original: Os Canibais

Com: Luís Miguel Cintra, Diogo Dória, Leonor Silveira, Oliveira Lopes, Pedro Teixeira da Silva, Joel Costa, Rogério Samora, Rogério Vieira, António Loja Neves, Glória de Matos, Cândido Ferreira, José Manuel Mendes e Teresa Corte Real.

Realização: Manoel de Oliveira

Produção: Filmargem; Gemini Films, La Sept (França)

Autoria: Manoel de Oliveira, em adaptação da obra original de Álvaro do Carvalhal

Ano: 1988

Duração: 98 minutos

Sábado, dia 2 de maio

22h30 – CELEBRAR MANOEL DE OLIVEIRA COM a atriz Catarina Wallenstein, protagonista do filme “Singularidades de uma Rapariga Loura”, que celebra Manoel de Oliveira comentando o filme “Vale Abraão”.

22h35 – “VALE ABRAÃO”

No Vale do Douro, Ema vive com o pai e é educada numa atmosfera de grande sensibilidade poética. Torna-se numa mulher bela e sensual com um irresistível gosto pelas ficções românticas, que acaba por nunca conseguir encontrar plena satisfação junto dos homens, desde logo casando com um médico que nunca amou. Na sequência de uma intensa vida social, Ema vai envolver-se com três homens, sempre numa constante busca de paixões, luxo e desafios, cuja beleza e espírito provocatório lhe vão valer o epíteto de “Bovarinha”, uma versão moderna e portuguesa da “Bovary” de Flaubert. Por fim, desiludida e frustrada, Ema morre afogada no Douro, sem nunca se chegar a perceber se foi acidente ou suicídio.

“Vale Abraão” parte da adaptação ao cinema da obra homónima de Agustina Bessa-Luís, por sua vez um exercício literário inspirado na “Mademe Bovary” de Flaubert, que Manoel de Oliveira transforma num filme deslumbrante e portentoso. De novo envolvido com o universo literário de Agustina e, sobretudo, mais uma vez construindo uma história de amores frustrados, tema dominante em toda a sua obra, Oliveira assina uma obra de uma beleza plástica fulgurante, de uma espantosa sensibilidade poética e, ao mesmo tempo, de uma subtil e ácida ironia.

Narrando de forma absolutamente irresistível a trajetória amorosa de uma bela mulher, vítima dos seus incongruentes desejos e paixões, “Vale Abraão” é, sem dúvida, o filme mais ambicioso, deslumbrante e admirável do mestre Oliveira, onde Leonor Silveira, a sua atriz emblemática, é simplesmente portentosa, à cabeça de um grande elenco que conta com Luís Miguel Cintra, Rui de Carvalho, Diogo Dória e João Perry.

“Vale Abraão” é um dos mais importantes filmes de toda a História do cinema português, que muito justamente os “Cahiérs du Cinéma” consideraram como “um dos mais belos filmes do Mundo”.

Título Original: Vale Abraão

Com: Leonor Silveira, Luís Miguel Cintra, Rui de Carvalho, Cecile Sanz de Alba, Luís Lima Barreto, Diogo Dória, João Perry, Glória de Matos, Isabel Ruth

Realização: Manoel de Oliveira

Produção: Paulo Branco

Autoria: Agustina Bessa-Luís (romance), Manoel de Oliveira

Ano: 1993

Duração: 180 minutos

Domingo, dia 3 de maio

00h00 – CELEBRAR MANOEL DE OLIVEIRA COM Ricardo Trêpa, neto de Manoel de Oliveira e que participou como ator em diversos filmes do realizador, comenta “Um Filme Falado”, no qual também fez parte do elenco.

00h05 – “UM FILME FALADO”

Rosa Maria, uma jovem professora de História, parte com a sua filha Maria Joana num cruzeiro que se dirige a Bombaim, na Índia, onde se reunirão com o seu marido. Através das diversas cidades onde o cruzeiro pára, Rosa Maria vai pela primeira vez conhecer lugares de que falava nas suas aulas, mas que nunca antes visitara.

Por isso, a viagem por Ceuta, Marselha, as ruínas de Pompeia, Atenas, as pirâmides do Egipto e Istambul, é também uma viagem pela civilização mediterrânica, e uma evocação de tudo o que de decisivo marcou a nossa cultura ocidental: da Grécia antiga aos romanos, passando pelo antigo Egipto, Constantinopla, os descobrimentos portugueses, a França da Revolução e da Liberdade, Igualdade, Fraternidade.

Mas nesse cruzeiro, ela vai também conhecer três mulheres que muito a impressionam: uma francesa, empresária de renome; uma italiana, antiga modelo famosa; e uma grega, atriz e professora; e sobretudo o comandante do navio, um americano de origem polaca.

Na sala de refeições do navio, à mesa do comandante, elas conversam animadamente, cada qual na sua língua, como se de uma Babel ao contrário se tratasse, onde cada um entende tudo o que o outro diz na sua própria língua. Mas quando chegam a um porto do Golfo Pérsico, uma estranha ameaça perturba o cruzeiro e ameaça o navio e a vida dos passageiros.

Título Original: Um Filme Falado

Com: Leonor Silveira, Filipa de Almeida, John Malkovich, Catherine Deneuve, Stefania Sandrelli, Irene Papas, Luís Miguel Cintra, Michel Lubrano di Sbaraglione, François da Silva.

Realização: Manoel de Oliveira

Produção: Paulo Branco

Autoria: Manoel de Oliveira

Ano: 2003

Duração: 96 minutos

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