Uma série documental de autoria de Jacinto Godinho, onde ao longo de nove episódios se procura resgatar o passado obscuro da PIDE.
No dia 28 de maio de 2016 passam 90 anos do golpe militar liderado por Gomes da Costa e que instaurou em Portugal uma ditadura de 48 anos. Nesse mesmo ano foi criada a primeira polícia política destinada a proteger o regime que governava Portugal. Um dos principais legados do autoritarismo foi sem dúvida a cultura do medo, o clima de suspeita, a desconfiança do outro, alimentados durante 48 anos pela polícia politica e ainda com fortes resquícios na cultura portuguesa.
Em Portugal usa-se o nome de PIDE para referir a polícia política da Ditadura e do Estado Novo. Mas PIDE é o nome mítico e lendário pelo qual ficaram conhecidas todas as polícias que desde 1926 se ocuparam da repressão política em Portugal. Quando a PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) foi criada em 1945, Salazar procedeu apenas a uma mudança cosmética de nome procurando dar uma imagem para o exterior de abertura do regime na sequência das derrotas dos fascismos no fim da Segunda Guerra Mundial. A PIDE continuou a funcionar na mesma sede, com os mesmos agentes e diretores. Mudou várias vezes de nome. Foi Polícia de Informações de Lisboa (PIL); Polícia de Informações do Porto (PIP); Polícia de Informações do Ministério do Interior (PIMI); Polícia Internacional Portuguesa (PI); Secção de Vigilância Política e Social da PSP; Polícia de Defesa Política e Social (PDPS) e depois foi a PVDE até 1945. Os diretores que em 1945 ficaram encarregues de dirigir a nova instituição chamada PIDE, formada em 22 de outubro de 1945, já tinham fundado não só a PVDE, em setembro de 1933, mas também a instituição antecessora, a Polícia Internacional Portuguesa em 1931. Estes homens iniciaram um reinado de poder antes mesmo do próprio Salazar. Trata-se de gente com vidas quase desconhecidas e cujos nomes hoje já praticamente ninguém conhece no país
A série “A PIDE Antes da PIDE” resulta de uma investigação sobre a polícia política nos primeiros 19 anos do regime da ditadura militar e do Estado Novo, procurando responder à questão: Que papel desempenharam então as polícias políticas na afirmação da Ditadura Militar e no autoritarismo salazarista?
No primeiro episódio: O Arquiteto da PIDE.
Agostinho Lourenço, diretor da Polícia Internacional em 1931, primeiro diretor da PVDE (1933) e da PIDE (1945), foi um dos homens-chave do regime salazarista. O homem que comandou durante 25 anos os serviços secretos portugueses e uma temida máquina de repressão política, sustentada na tortura e nos informadores, era o “anjo negro” de Salazar. Um nome temido dentro do regime, mas um rosto, ainda hoje, praticamente desconhecido de todos os portugueses.
Neste episódio relatam-se as investigações para descobrir o espólio e o passado do capitão Agostinho Lourenço, procurando saber qual a origem do seu poder político.
A biografia dos primeiros anos de vida do temido diretor da PIDE acompanha o início da carreira militar. Lourenço fez parte do primeiro contingente militar português que em 1916 fez os treinos militares, em Tancos, e no início de 1917 partiu para França para lutar nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial.
A sua vida é aproveitada, neste episódio, para narrar também as origens das organizações que em Portugal exerceram a repressão política desde os tempos da monarquia até à república. Explicam-se também as razões históricas do golpe militar que instaurou a 28 de maio de 1926 o regime da ditadura militar.
Título Original: A PIDE Antes da PIDE
Realização: Jacinto Godinho
Coordenação Científica: Irene Pimentel