I – INTRODUÇÃO – CONCEITO INFORMAL

No âmbito da sua atividade diária, a Polícia de Segurança Pública recebe inúmeras denúncias de pessoas que são vítimas de burla.

Podemos dizer, de modo informal, que estamos na presença de uma burla quando alguém cria uma situação/história com o objetivo de causar a outro um prejuízo e de obter para si ou para outra pessoa um benefício ilegítimo.

Do universo das denúncias recebidas existem algumas que, pela frequência com que acontecem, ou pelo tipo de pessoas que são vitimizadas merecem a nossa maior atenção.

II – ELENCO DAS BURLAS MAIS FREQUENTES/ PREOCUPANTES

Da análise efetuada pela Polícia de Segurança Pública podem-se destacar: por um lado, pela assiduidade com que se continuam a verificar e pelo tipo de vítimas – normalmente idosos, a burla do falso amigo/familiar e do falso funcionário; por outro lado, pelo número crescente de situações denunciadas, a burla online.

  1. FALSO AMIGO/FAMILIAR (PASSAR VT BURLAS_TIO)

Este modo de atuação é vulgarmente praticado por suspeitos a atuar sozinhos ou em grupo de dois.

O burlão apresenta-se às vítimas como familiar (sobrinho, primo afastado, etc.), normalmente apresenta vestuário formal ou que credibilize o seu discurso, utiliza sempre com frases vagas e interrogações, de modo a tentar obter da vítima informação que lhe possa ser útil para assumir a identidade de familiar.

De seguida, concebe mentiras de modo a obter uma entrega em dinheiro, seja através de solicitação de empréstimo sob diversas desculpas (outros familiares

doentes, reparação urgente de viatura, dívidas fiscais, etc.) ou através de convites e ofertas supostamente bastante vantajosas, que pressupõem um pagamento imediato.

  1. FALSO FUNCIONÁRIO (PASSAR VT BURLAS_EDP)

Os ilícitos utilizando este esquema são, normalmente, praticados por um burlão isolado.

Este apresenta-se às vítimas como funcionário de uma instituição pública (funcionário de Câmara Municipal, das Finanças, Segurança Social, Bombeiros, etc.), empresa prestadora de serviços de segurança (por exemplo relacionada com a manutenção de extintores) ou ainda empresa facilmente reconhecida pelo logótipo quer a nível nacional, quer a nível local (comercialização de eletricidade, serviços de telecomunicações, etc.).

No seguimento da história criada acaba por simular a prestação do serviço (avaria, atualização de contador, etc.), ou ameaça com retirada/corte de fornecimento do serviço, ou ainda a realização de uma qualquer facilidade, algumas de carácter ilícito (pagamento para não fiscalização de local).

Conseguida a credibilidade do discurso, o burlão convence a vítima a entregar-lhe uma quantia em dinheiro, normalmente em valor significativo mas que corresponda ao normalmente exigido em circunstâncias idênticas.

  1. BURLAS ONLINE (PASSAR VT BURLAS_TELEMÓVEL E BURLAS_CARRO)

Nos nossos dias a internet e as aplicações móveis são utilizadas para um sem número de tarefas e negócios, nomeadamente de compra e venda.

Neste crime o anunciante (burlão) anuncia a venda de artigos (viaturas, equipamentos desportivos, smartphones, etc.) ou arrendamento de imóveis (principalmente na época de férias).

Podem utilizar quer sites falsos, quer plataformas de conhecimento notório e massivamente usadas pela população em geral. Apresentam usualmente propostas de negócio bastante vantajosas ou cujo prazo finalização do negócio seja curto.

A burla acontece quando é exigida à vítima a transferência de uma quantia em dinheiro para reserva ou como sinal/adiantamento (principalmente no caso dos arrendamentos) ou como pagamento do produto para assegurar a efetiva intenção de comprar e/os seus custos de envio.

III – MENSAGEM FINAL

Nas situações apresentadas destaca-se: a escolha que o burlão faz da vítima, optando normalmente por pessoas idosas ou em situação de fragilidade e a utilização de esquemas relacionados com alterações legislativas difundidas/implementadas a nível nacional (contador eletricidade). Se alguém se dirige a si apresentando-lhe uma proposta de um benefício inesperado, ou solicitando o pagamento de um serviço que lhe é estranho – desconfie, exija identificação e documentos comprovativos.

Se um negócio lhe parece muito bom, desconfie – “ninguém dá nada a ninguém”.