A masturbação celebra o excesso, a individualidade e a capacidade criadora de prazer, ameaça o contentamento descontente imposto por práticas compulsivas de coito reprodutivo. E é, perigosamente, um ato de Auto-Amor.
Se nos aprouver praticá-la não precisaremos de motivos, mas são estes os mais comuns: por prazer, para libertar tensões, pode praticar-se sempre que desejado, proporciona um maior conhecimento do corpo e da sua resposta a diferentes estímulos, não só nos liberta das tensões sexuais como das psicológicas, é uma alternativa de satisfação sexual quando não temos parceiros, permite satisfazer-nos onde um/uma parceira não conseguem, mantém-nos sexualmente ativos, ativa o desejo, ajuda a adormecer ou relaxar, pode inclusive aumentar o foco e concentração em períodos de grande trabalho!
Dildos fálicos e consoladores encontram-se desde tempos imemoriais, não havendo a certeza se seriam representações apenas, ou objetos de uso associado a rituais ou para deleite de quem nas mãos o tinha. Suspeita-se que em qualquer descoberta de novas tecnologias estas seriam aplicadas também na procura de novos prazeres. Em 1734 surge em França o ‘Tremoussoir’. É longa a espera até ao primeiro vibrador a vapor, inventado por George Taylor, médico norte-americano, e apelidado de “Manipulador”, corria o ano de 1869. Desenvolvem-se os primeiros vibradores, não para proveito das pobres, mas para conforto dos senhores doutores que se queixavam de tendinites e desconfortos provenientes do árduo trabalho manual a que se propunham, quando tratavam as mulheres de histeria!
Multiplicam-se as inovações, e a cada dia surge mais um novo e inovador, sempre “como nunca visto” e pronto a alcançar uma nova fronteira, brinquedo sexual. De cores vibrantes ou aspeto mais sóbrio, vindos de nichos de mercado prontos para a massificação, como nos promete agora a estimulação elétrica, de formas e inspirações variadas, simulando os mais diferentes movimentos ou pulsões, é um mercado em pleno crescimento e de grande criatividade. Feiras especializadas multiplicam-se e definitivamente já não há armário que o contenha ou queira conter. Adaptam-se a cada nova tecnologia, compatíveis com smartphones, com diferentes alimentações energéticas e com uma crescente e justificada preocupação com a excelência do produto, quer pela segurança de materiais, design refinado ou promessa de novas sensações.
Não há soluções mágicas, mas há ferramentas úteis, e com todos os avanços tecnológicos e de conhecimento, estamos numa era privilegiada, onde caem os tabus e cada vez mais se integra um bom funcionamento da componente sexual como parte de uma vida saudável.