Pela primeira vez no mundo um padre começou uma missa assim: «Bem-vindos a bordo, welcome a board…».

Mas este não é um padre comum. Paulo Duarte,  tem 36 anos, pertenceu à aviação civil antes de se decidir pela vida religiosa (a sua primeira missa foi em 2014).

 Paulo Duarte nasceu a 26 de outubro de 1979, em Portimão. Filho único, mãe e pai ligados à hotelaria, Paulo cresceu a querer ser veterinário. A família era católica pouco praticante, tirando a avó Constança, uma alentejana de Odemira. Em criança era tímido e sofreu de bullying. Foi preciso chegar a adulto e a estudante de Teologia em Madrid para começar a fazer terapia e compreender de que modo o bullying lhe tinha marcado a alma, muito mais do que o corpo.

 

A morte de uma grande amiga aos 15 anos num acidente com um carrinho de choque, aliada ao fervilhar de dúvidas típicas da adolescência, faz o primeiro clique: afinal, quem é Deus? Quem é esta entidade que tem o poder de tirar a vida à minha amiga?

 

Foi numas férias da Portugália que decidiu participar numa peregrinação organizada pelo CUPAV. «A ideia que tinha de uma peregrinação era velhos de joelhos. E foi com surpresa que me deparei com 200 pessoas da minha idade, a rir, a rezar, a cantar, a partilhar coisas da vida. No ano seguinte, aproveitei de novo as férias e fiz parte da organização. Lembro-me de haver um momento de profunda comoção. Chorei uma tarde inteira e a ideia de vir a ser jesuíta, de vir a ser padre começou a ganhar forma e espaço. Lembro-me de pensar: ‘Tenho uma vida ótima, ganho bem, faço o que gosto, estou a viajar… o que é que se passa?’»

 

Paulo fez os votos de pobreza, castidade e obediência, num importantíssimo passo de entrega da sua vida. A sua avó Constança morreu neste dia, no final de cerimónia.