Nos dois dias em que me desloquei ao Chalet da Condessa d’ Edla, na Serra de Sintra, para gravar o Visita Guiada fiquei horrorizada. Há dois anos que não visitava a vila e o que testemunhei e vivi deixaram-me imensamente preocupada. Registemos que fui a Sintra em dias úteis, nunca ao fim de semana, mas, mesmo assim, no centro da vila e na estrada para o Palácio da Pena os engarrafamentos de pessoas, camionetas, automóveis e tuk-tuks eram… indescritíveis. Uma barbaridade de barulho, poluição, estrago. Não é possível a nenhum lugar sobreviver a um impacto tão esmagador. Não sei, aliás, como é que os habitantes da zona histórica de Sintra aguentam continuar a viver ali. O turismo é uma atividade que devemos agradecer e cultivar. Mas é imperioso geri-lo com critério, sob pena de matarmos o “Maná”. Se o Presidente da Câmara de Sintra não tomar medidas urgentes no sentido de gerir o acosso desregrado deste tesouro mundial corremos o risco de rebentar com ele. E o primeiro degrau do colapso é quando o prometido paraíso se revela, afinal, uma provação das piores. Se eu fosse um dos turistas encravado nas hordas saturadas de peões e veículos de todas as espécies, chegava a casa, ao meu país, e diria: Portugal é um país muito simpático, mas não ponham os pés em Sintra: é um inferno.