É a primeira vez que o Super Diva entra em território barroco com esta obra prima do compositor inglês Henry Purcell. Os amores trágicos da rainha de Cártago Dido serão revelados nas palavras da filósofa Maria Filomena Molder. O Chefe Manuel Bóia criará um jantar para Dido oferecer a Eneias, que enfeitiçado pelo paladar, desiste de partir, transformando o final trágico desta ópera, em final feliz. O consultório operático revela quem eram os castrati. O dramático lamento de Dido, é transposto para um suicídio dos tempos modernos, com Catarina Molder e para a versão com um toque de jazz, na voz de Rita Maria, com o piano cúmplice de Filipe Raposo. Grandes Momentos numa produção da Royal Opera House e dos nossos grandes Os Músicos do Tejo.
“Dido e Eneias foi a primeira e a única ópera composta pelo compositor barroco inglês Henry Purcell. Considerada a primeira ópera de fôlego inglesa, inspirou-se no 4º livro da Eneida de Virgílio, com um acréscimo de figuras sobrenaturais e simbólicas pelo seu libretista Nahum Tate. Retrata a vida trágica da rainha de Cartágo, assombrada pela responsabilidade de governar e pela impossibilidade do amor, fazendo ler nas entrelinhas, como a conspiração de forças obscuras, impedem fatalmente a concretização da felicidade e da Paz.
A ação decorre antes de Cristo. Na corte de Cartágo, Belinda, a aia da rainha Dido, tenta animar a tristeza da monarca. Esta diz que pressente a desgraça e lamenta como a guerra desde sempre a perseguiu e ao seu povo. Belinda sugere que o casamento desta com Eneias, o recém chegado guerreiro troiano, poderia finalmente trazer a tão ansiada Paz. Dido revela o receio de que este amor a torne vulnerável e a enfraqueça como monarca.
Belinda, a segunda dama e toda a corte , em ambiente festivo, insistem neste casamento, assegurando à rainha que o amor de Eneias por ela, é verdadeiro. Dido recebe-o friamente, mas acaba por aceitar o casamento.
Na caverna, as feiticeiras conspiram para a destruição de Dido e de Cartágo. Estabelecem o plano de enviar um elfo mascarado de Mercúrio, apelando Eneias a abandonar Dido, com o propósito de rumar a Itália, para fundar a 2ª Tróia, que viria a ser Roma.
Num coro de risadas horrendas as feiticeiras antevêem a morte de Dido por desgosto amoroso e lançam o feitiço de uma tempestade em direcção ao bosque, onde Dido, Eneias e toda a corte, realizam uma caçada, desaparecendo logo de seguida, num rugido de trovão.
Belinda avisa a monarca que precisam de voltar para o palácio para se abrigarem da tempestade. Todos partem, menos Eneias a quem o elfo mascarado de Mercúrio aparece, afirmando trazer ordens do Deus Júpiter, de que o troiano deverá partir o quanto antes para solo latino. Eneias, num momento muito expressivo, mostra o seu desespero, dividido, por não querer abandonar a sua amada: num dia as núpcias, noutro a partida…mas como desafiar a ordem de um Deus?…
Os preparativos decorrem para a partida da armada troiana. As feiticeiras observam triunfantes o sucesso do seu plano .A primeira feiticeira canta, lançando a maldição de que brevemente Eneias deverá morrer em pleno oceano.
Dido e Belinda estão receosas com o súbito desaparecimento do herói troiano. Quando este regressa e apresenta os motivos da sua partida, os piores receios de Dido confirmam-se. Mesmo quando Eneias lhe diz que desafiará os Deuses para ficar junto dela, Dido rejeita-o, por este se ter atrevido pensar deixá-la . Força Eneias a abandonar Cartágo e declara que agora está na hora de se entregar à morte. Despede-se da vida no regaço da sua fiel Belinda, cantando o seu divino Lamento “When I am laid” pedindo que se lembrem sempre dela, mas esqueçam o seu fatal destino.”