O épico primeiro dia de NOS Alive 2016
8 Jul, 2016
O Sol raiava bem alto e chegava o dia que tantos milhares de pessoas tinham esperado e ansiado. Começava mais uma edição do NOS Alive com a abertura de portas marcada para as 3 da tarde. Uma tarde longa, previa-se, e uma noite ainda maior.
Uma volta pequena pelo recinto mostrava rapidamente duas coisas: a primeira, de que o público estrangeiro veio em força a esta edição de NOS Alive e a segunda de que muita gente haveria de terminar a noite com belas marcas de escaldão.
Foi um primeiro dia memorável, de grandes novidades, de uma edição res-vés de ter todos os dias completamente esgotados.
A Rua EDP e o Palco EDP Fado Cafe prometiam ser os estandartes da inovação deste 10.º aniversário do NOS Alive. Trouxeram a cultura portuguesa e as marcas arquitetónicas do nosso país com elementos criados de propósito para o festival e com tanto pormenor que dá gosto apreciar – a carpete a imitar a calçada portuguesa, os bancos de jardim, os candeeiros, até o próprio marco do correio logo ao abrir a rua ou as fachadas das casas.
É uma rua com duas grandes particularidades: tem um palco novo e muito especial e tem lojas de marcas portuguesas. Palco esse, completamente dedicado ao fado e que abriu com Marco Rodrigues, que teve a difícil tarefa de mostrar às pessoas que passavam e conheciam a nova Rua EDP que havia música portuguesa para ouvir.
Seguiu-se nesse sala, a lembrar uma casa de fados, Raquel Tavares, a fadista sempre sorridente e assumidamente amante de Alfama, que reafirmou a relevância de um palco de fado num festival como o NOS Alive.
Mortinhos que os concertos no Palco NOS começassem estavam as centenas de fãs de 1975, a banda que abriria o palco principal do festival, e que se revelou como uma das grandes surpresas da noite.
Já apelidados por revistas internacionais como “uma das promessas da nova geração de música”, os 1975 tinham um sólido público a vê-los – e a chorar com eles – às seis da tarde de uma quinta-feira de trabalho, para alguns.
Para quem estava na linha da frente, as emoções eram imensas e contavam-se pelas mãos várias raparigas, pouco mais do que adolescentes, a chorar de alegria (esperemos) ao ver os ídolos a tocar para elas.
Chegadas as 9 da noite, o público começou a dividir-se. Chegara o momento de subir ao palco NOS a lenda do rock mundial, Robert Plant, aqui acompanhado da banda Sensational Space Shifters.
E aqui sentiu-se, mais uma vez, pela primeira vez, a polaridade deste dia. Para uns, este seria o único momento imperdível da noite – reviver grandes clássicos com a voz dos eternos Led Zeppelin – para outros, Robert Plant era carta fora do baralho.
Ainda assim, as canções antigas, como “Whole lotta love” e”Dazed and Confused” fazem as delícias de todas as gerações: as que cresceram com Robert Plant e companhia e as que só ouvem histórias dos tempos em que os pais ouviam Led Zeppelin.
Entretanto, no Palco Comédia, vivia-se a antecipação de uma estreia: Salvador Martinha com Tatanka. O comediante português não é novo nestas andanças, mas a parceria com a cara dos Black Mamba deixava suspense no ar.
Foi um misto de sensações ver o vocalista da banda de rock tentar nadar nas águas da comédia – e nem sempre conseguir ficar à tona – e ver o humorista arriscar a canção – sem sempre atingir as notas. No final de contas, um Suficiente, mas não Bastante.
Dead Combo tocaram também no Palco EDP Fado Cafe, acompanhados das Cordas da Má Fama, e fizeram a sala transbordar. Quem não chegou no início, nem os cabelos lhes conseguia ver.
Um dos incontestáveis grandes momentos do dia de abertura da 10.ª foi o regresso de Pixies aos palcos portugueses. Depois de uma passagem pelo Primavera Sounds, no NOS Alive criaram nova divisão.
Para os fãs verdadeiros será sempre, independentemente do dia, um concerto absolutamente incrível; ainda assim, para todos os outros milhares de festivaleiros, foi o momento certo para pôr a conversa em dia ou para espreitar os outros palcos. Até chegarem as duas canções míticas de Pixies, “Where is My Mind” e “Here Comes your Man”,as duas de seguida, mas que, nem assim, serviram para aquecer muito a relação da banda com o público.
A festa só enrijeceu verdadeiramente com a chegada dos Chemical Brothers. Os senhores das horas tardias, das danças tresloucadas e da festa pegada. Sem pausas entre músicas e com efeitos visuais bem trabalhados, abanaram uma noite que estava só amena.
2ManyDJ’s e Soulwax tinham caminho aberto para continuar a elevar a fasquia de loucura e de dança dos resistentes na primeira madrugada de NOS Alive 2016.
Duas notas musicais ainda sobre o primeiro dia: John Grant regressou a Portugal e voltou a dar show a todos os níveis. Para além do campo da música, é incrível a energia que o ex-vocalista dos Czars tem – a forma como se mexe – e, claro, o estilo que traz ao festival com as suas meias sempre puxadas para cima.
Vintage Trouble mostraram que rebentar o palco Heineken pelas costuras não é brincadeira apenas para bandas de noite dentro. 20 minutos depois de começarem, perto das 19:30, já havia quem garantisse que seriam um dos grandes concertos da noite. Não estavam errados. Das ondas do público, ao rock vintage, passando pelas fatiotas retrô, deram uma lição de espetáculo.