“É dos palcos secundários que elas gostam mais!”

Opinião de João Pacheco, da Punch

Unknown Mortal Orchestra

Era agora altura para vermos o trio Unknown Mortal Orchestra, que tem em Ruban Nielson o mentor e líder de um projecto que teve no seu segundo disco o momento alto da carreira. Lançado em 2013, II, foi considerado um dos melhores álbuns do ano, graças a singles como “Swim and Sleep (Like a Shark)” e “From The Sun”, e era, como seria de esperar, o grande foco no line-up do concerto. E se no disco podemos ouvir uma pop bem comportada, psicadélica sim, em palco a banda transforma-se totalmente, dando muito mais passos à Tame Impala. Nielson, o frontman que por vezes parece quase ter um comportamento autista na maneira como se abraça à guitarra e namora com ela, utiliza todo e qualquer momento para um pequeno improviso, amplamente aplaudido pela sedenta plateia. O momento alto veio, necessariamente, quando chegou a fantástica “So Good at Being In Trouble”, cantada de forma apoteótica por uma tenda bem cheia. Um dos melhores gigs do dia 3, até pela amabilidade algo geek do vocalista – “It was great to be here, this is our last song!”, frase que atira antes de se lançar à última malha, com a qual corremos para o palco principal, onde iam entrar os Foster the People.
Texto de João Pacheco, da Punch

 

Foster The People

Os Foster The People eram, até agora, uma banda que não tinha palcos Portugueses e havia portanto alguma desconfiança em relação à prestação num palco tão grande. Apesar de estarem habituados a estas andanças, os rapazes vão apenas no 2º álbum, e verdade seja dita, Supermodel não está a tocar os calcanhares de Torches. É assim surpresa para poucos quando grande parte do line-up é composto por músicas do primeiro disco, moldado por hinos como “Helena Beat”, “Houdini” e “Don’t Stop (Color on the Walls)”. A plateia, maioritariamente feminina, canta todas as letras de lés a lés, vão trocando uns beijos com os namorados e soltando uns berrinhos típicos do segmento em que se inserem. No geral foi um concerto bastante inofensivo, sem momentos de grande excitação, não fosse a altura em que “Pumped Up Kicks” é posta à prova perante as feras amansadas. Ao exemplo de “Kids” e “Lonely Boy” nos dias anteriores, dá-se uma correria desenfreada em direcção ao palco, que desvanece mal a música acaba. Certinho, certinho, certinho e não se esperava outra coisa.

Jungle

Talvez um dos concertos mais esperados da noite, a par com The Libertines, os Jungle são a nova coqueluche da música Britânica. Fazendo um rehash da boa música negra dos anos 70 e 80 e com uma aura de mistério a rondar todo o processo criativo, a dupla prometia dar um espectáculo de arromba, a julgar, claro, pelos singles já conhecidos. Em palco surgem dois irmãos, brancos, loiros, com uma senhora a dar back-vocals, um baterista e um baixista. No check-sound pareceram perfeccionistas, e é isso que faz deles esta preciosidade em bruto que vai dar muito que falar já a partir de 2ª feira, altura em que sai o disco de estreia para as lojas.

Nuns rápidos e ultra-concisos 40 minutos, passaram por todos os hits que têm feito as delícias da internet, como “The Heat”, “Time” e a incrível “Platoon”. É injusto dizer que a melhor parte esteve em qualquer uma delas, porque toda a actuação foi marcada por um ambiente festivo de groove, soul e feeling. Dá gosto ver um ensemble que vive os temas e entrega-os como se nunca os tivesse ouvido – parece que apetece dançar ainda mais. O clímax é atingido quando “Busy Earnin'” explode, numa versão bastante mais longa que não queria acabar (e ainda bem). Nota máxima para um dos momentos mais esperados pela equipa Punch.

Chet Faker

Enquanto os The Libertines iam fazendo tudo o que conseguiam para manter a pouca gente que restou do concerto de Foster The People, já Chet Faker se acomodava ao seu lugar de menino giro da noite. Tenda Heineken à pinha (e dizer isto é provavelmente dizer pouco sobre o que realmente se passava) para receber de braços abertos um senhor que há coisa de um ano atrás esgotava o Lux com um EP apenas. “No Diggity” e “Talk Is Cheap” até podiam ser os heróis, mas aqui não há espaço para vedetas. Todos os temas, do álbum de estreia e do EP que o antecedeu, estão na ponta da língua e são festejados que nem golos num estádio de futebol. Suado e agradecido, sobretudo a um cartaz que dizia “Baby You’re Our Perfect Ten”, em alusão à cover dos Black Street, Faker fez de Portugal a sua terra e encantou todos os presentes. Bonito de se ver.