Crónica da Punch – 3º dia

Opinião de João Pacheco

Texto de João Pacheco, da Punch

Vento, pó e o lixo que anda pelo chão, foi este o cenário que nos recebeu o terceiro e último dia do NOS Alive, que também se adivinha aquém da lotação de 5ª feira. A abrir o palco Clubbing estiveram os Gin Party Soundsystem, um verdadeiro remember dos hinos house dos anos 90, numa mistura satírica com a realidade hipster do dia-a-dia. O público acorreu num número bastante considerável, sobretudo se olharmos para a hora a que se ouviu a primeira música – 17h, em ponto, contrariando a afamada cultura Portuguesa. Vestidos a preceito, a dupla que ganhou o Optimus Live Act, trouxe para cima do palco D’Alva, que fez de si MC, e foi dando o mote para a festa.

Às 18h começavam, no palco principal, os Portugueses You Can’t Win Charlie Brown, grupo que já tem conseguido ir fora de portas para apresentar as suas virtudes indie-folk. Nas fileiras instrumentais contam com o ensemble normal, onde podemos ver como de costume David Santos, Noiserv, atrás da multidão de instrumentos que já funcionam quase como extensões dos seus braços. O set concentra-se sobretudo no novo disco Diffraction/Refraction, candidato a um dos melhores do ano a nível Nacional, que nos traz novamente a amabilidade lírica e melódica que já era óbvia em Chromatic, o disco de estreia. Temas como “Be My World” ou “After December”, que muito correram pelas rádios Nacionais, foram necessariamente as mais bem recebidas pelos mais madrugadores que não quiseram perder pitada. É mais uma vez uma pena que tenham de ser eles a abrir as hostes, sobretudo num palanque tão grande, mas é certo que também vão ter o seu espaço, num futuro próximo, numa hora e num palco mais apropriados.

Entretanto Cass McCombs já dá música a muita gente que escolheu descansar um pouco do sol e do vento que persiste e mantém-se chato. Música morna, que grande parte parece desconhecer e uma aura de indiferença a marcar o concerto do trio, que também não parece ter forças para dar mais. Há um grande grupo a fazer algum barulho na parte de trás, todos trajados a preceito, com correntes, roupas rap dos anos 80 e boombox’s – será que estão à espera da estreia de Jungle?