A música no 2º dia do festival

Crónica do Alive

Texto de João Pacheco, da Punch

Estavam os The Last Internationale a entrar no palco principal quando decidimos ir dar uma volta pelos restantes locais. No Clubbing, pudemos ver D’Alva, banda que conta como frontman Alex D’Alva Teixeira, artista já assíduo das andanças da música feita em Portugal, com Gospel Collective a entreter grande parte das pessoas que preferiam chegar ao recinto mais cedo. Mas a nossa sede ia para os também Portugueses For Pete Sake, banda que está agora a dar os primeiros passos e que tem no seu single “Home” um cartão de visita muito composto. O álbum ainda está por acontecer, mas qualidade não lhes falta e motivos para o fazer também não.

Parquet Courts

Não foi por acaso que nos dirigimos ao palco Heineken – estava para breve a estreia de Parquet Courts em Portugal, o novo grupo-coqueluche da onda garage rock, que traz na bagagem o fantástico Sunbathing Animals, o disco mais recente, que saiu no mês passado. Apesar de continuarmos a ver o recinto vazio, a pequena massa vai resistindo e dançando com tudo o que pode. Há coros em “Black and White”, uma das melhores músicas dos Norte-Americanos e uma curiosidade gigantesca da parte dos famintos que já iam mordiscando qualquer coisa nas mesas da zona das comidas. Em palco, vão dando cartas e sinais de que existe muito espaço para eles no coração dos Portugueses, sobretudo inseridos num contexto mais Black Lips, Wavves e bandas do género. Uma vénia, pela experiência e um pedido – voltem depressa.

MGMT

Longe vão os tempos áureos dos MGMT, onde a estranheza era algo que entranhava, muito porque eram estreantes na maneira como eram diferentes. O disco de estreia, pai de músicas como “Time To Pretend”, “Electric Feel” e outras (“Kids” já vai ter o seu momento de destaque no texto), deu-lhes o ênfase que todos os grupos querem, mas pôs a fasquia demasiado alta para eles. Mais tarde veio Congratulations, um exercício sofrível, que deu alguns frutos (poucos, veja-se) neste concerto, como “Flash Delirium” e “It’s Working” . No ano passado chega o longa-duração menos conseguido da carreira, que comprova que de facto os MGMT não viveram para além de Oracular Spectacular. Tudo isto foi fácil de entender durante o concerto, onde as músicas foram tocadas em catadupa, sem grandes momentos de entusiasmo ou excitação na plateia. Esta foi a verdade até eles terem começado a tocar “Kids”, que aos primeiros acordes pôs literalmente toda a gente no festival aos pulos. Foi uma movimentação quase sincronizada de absolutamente todos os presentes (os que estavam ao alcance das colunas, claro) na direcção do palco – valeu-lhes isso. Dito isto, não queremos que deixem de cá vir, mas está na altura de fazerem um disco à altura do primeiro.