José Manuel Lopes Cordeiro, docente do departamento de História na Universidade do Minho, explica o desenrolar de acontecimentos que culminaram com a ruptura ideológica entre o Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e o Partido Comunista Chinês.

As críticas ao modelo soviético surgem ainda durante a década de 1950, quando Khrushchev se afasta do culto de personalidade a Estaline e defende a coexistência pacífica com os Estados Unidos. Para o novo dirigente da URSS, a via eleitoral passava a substituir a via revolucionária.

No entanto, explica o professor, a clivagem marcada entre os dois blocos só acontece na década seguinte, acontecimento que é praticamente desconhecido em Portugal, dada a censura da imprensa. Em 1961, os partidos em divergência, nomeadamente o chinês e o albanês, são atacados publicamente, com uma separação já notável que salta para a opinião pública.

Os russos são desde logo acusados de protagonizarem o “novo revisionismo” e esta divisão repercute-se em vários partidos comunistas a nível mundial. As cisões dentro das organizações partidárias alastram-se também ao Ocidente, nomeadamente a Portuga, mas assumem dimensões muito limitadas, já que havia uma tradição de seguidismo em relação ao Partido Comunista da URSS.