Ministros dos Negócios Estrangeiros de 22 países reuniram-se em Londres sob críticas severas do primeiro ministro do Iraque que acusa a Coligação internacional de deixar o país a combater "praticamente sozinho" os jihadistas do Estado Islâmico, que controla grande parte da Síria e do Iraque.

o ministro britânico das Relações Externas, Philip Hammond, insistiu que muito mais tinha de ser feito, salientando à BBC que “os países tinham de encontrar formas de travar o fluxo de recrutas para o Estado Islâmico”.

À BBC, Philip Hammond advertiu que havia “um grande trabalho pela frente”.

As conversações em Londres incidem em cinco temas: combatentes estrangeiros, a campanha militar contra alvos do Estado Islâmico, as suas fontes de financiamento, comunicações estratégicas e assistência humanitária.

Na capital britânica, o Secretario de estado dos EUA, John Kerry, preferiu salientar os progressos feitos para suster ou até obrigar a recuar o Estado Islâmico no Iraque.

Críticas iraquianas

Kerry anunciou ainda o envio “em breve” de armas para o exército iraquiano, uma novidade que não impediu o primeiro ministro iraquiano, Haider al-Abadi, de manifestar ao longo de todo o dia a sua frustração por uma alegada demora no apoio norte-americano, solicitando armas e formação dos seus soldados.

Al-Abadi aplaudiu a campanha aérea que está a decorrer desde agosto de 2014 mas acrescentou que “nisto o Iraque está praticamente sozinho”.

Críticas que caíram mal junto do responsável pela Defesa dos EUA. Chuck Hagel referiu mesmo que as palavras de al-Abadi não eram nem “correctas” nem uma “ajuda”.

Hagel retorqui perante os jornalistas, que os Estados Unidos já forneceram pelo menos 1,500 mísseis Hellfire, 250 veículos anti-minas e milhares de armas de pequeno calibre e munições. Há ainda 2,378 tropas americanas no Iraque. em missões de treino e aconselhamento, além de garantia de segurança.

As críticas iraquianas já tinham sido expressas antes do primeiro ministro viajar para Londres. Haider al-Abadi, disse então que “a comunidade internacional precisa fazer mais para treinar e equipar as forças terrestres”.

A reunião está a decorrer na Lancaster House, no centro da capital britânica, cerca de 15 dias depois dos atentados de Paris. O serviço europeu de polícia, Europol, estima em mais de cinco mil o número de cidadãos da União Europeia que viajaram para a Síria e para o Iraque. Milhares de outras pessoas viajaram de países árabes e muçulmanos.

Na Síria, os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais contam com os rebeldes ditos “moderados” para travar o combate ao Estado Islâmico e estão relutantes em cooperar com o Presidente Bashar al-Assad, que querem afastar do poder.

Os países que participam na conferência, juntamente com os EUA e Reino Unido, são a Austrália, Bahrein, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Egito, França, Alemanha, Iraque, Itália, Jordânia, Kuwait, Holanda, Noruega, Qatar, Arábia Saudita, Espanha, Turquia e Emirados Árabes Unidos.

A reunião acontece depois de o Presidente dos Estados Unidos ter pedido um resolução do Congresso para o uso da força contra o Estado Islâmico. No discuso do Estado da União, Barack Obama quis envolver o Capitólio num esforço de guerra no Iraque e na Síria.

O inquilino democrata da Casa Branca exortou os congressistas a “mostrar ao mundo que estamos unidos nesta missão, aprovando uma resolução que autorize o uso da força contra o Estado Islâmico”.

 

Por Sandra Salvado e Graça Andrade Ramos